terça-feira, 27 de agosto de 2013


CEMITÉRIO DE TELEMÓVEIS ©
 
Aqui jazem!
Nenhum deles viveu
Para amar o próximo...


Eduardo Aroso ©
Agosto de 2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013


POEMA DAS SEMPRE BEM-AVENTURANÇAS ©

 

            A Roberto Costa

 

Bem-aventurados os livres que na sua condição

Içam dos pântanos escuros

Os que ainda labutam na opressão.

 

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça

E se esforçam por derrubar da mentira os muros,

E sangram nas veredas da pesquisa,

Às vezes feridos na luta

Dos processos em apuro.

 

Bem-aventurados os que persistem

E resistem na senda da verdade

Ainda que no fim tenham que dizer

«e no entanto ela move-se…»

 

E os mansos cuja mansidão

Escorre do suor de cada mão,

Do rosto e da pele quando lhes tocam

Os calafrios da fome e do abandono;

E os justos que corrigem um troco de dinheiro,

Por engano mal feito,

E nas coisas do Estado vão pelo caminho mais estreito…

 

Bem-aventurados esses sentindo que o fulgor de uma intuição

Atravessa as enciclopédias surdas à voz da profecia,

Gritando pela actualização necessária de cada dia.

 

Bem-aventurados os que reúnem passado e futuro

No ápice iluminado do presente,

Os que sabem hoje do destino inevitável

Do muito que nos serve

Ser tão-só matéria reciclável!

 

Bem-aventurados os que choram

Rios que passam nas cordilheiras do apuro,

Águas ansiosas do oceano da paz,

Lágrimas como raios de sol

De um novo dia que a madrugada traz.

Os que choram o sal desta e qualquer idade,

Os que choram como um poema

Escrito pela rosa oculta da saudade.

 

Bem-aventurados todos, filhos da luz,

Semeadores de sóis por haver,

Asas do porvir, esperança em propulsão,

Os do gesto inteiro,

Que sonham com a Criação.

Na ânsia mais alta:

A busca do verbo último e primeiro!

 

Escrito por Eduardo Aroso ©

Agosto de 2013