quinta-feira, 24 de abril de 2014

ABRIL,
SEMENTEIRAS MIL ©

 
Rente ao desânimo
Afugentemos a morte
Com cravos e rosas.
Dobremos o cabo,
(Tormentas de hoje)
Com melhor sorte.
A terra prometida
Não deu o fruto esperado.
Lancemos o grito
E outra vez
O arado.

 
Eduardo Aroso
Abril, 2014
METAMORFOSES DE ABRIL  ©

Na revolução por fora
Poisa sempre o sol;
Calor ansiado
Da demora.
Mas é da carne do fruto
À semente ou caroço,
Que deve haver alvoroço!

Abril, 2014
Eduardo Aroso
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


segunda-feira, 21 de abril de 2014


 
MEA CULPA ©

 
Ó Povo!
Amado,
Chamado.
Flor de emoção,
Palavra ardente
Nas datas certas
Do nosso consolo.
És sempre, sempre
A cereja no bolo!

 
Abril, 2014
Eduardo Aroso

sexta-feira, 18 de abril de 2014

ECCE HOMO ©

 
- Tens que beber o fel!
Confundido com o sangue
Que as lágrimas de suor
Já não contam para nada!

Assim decretaram sem papel
Os serviços prisionais de então.

Cá fora entre a multidão
Uma antiga voz de profeta
Clamava aos povos vindouros
De dois milénios da nossa era:
A agonia vai ser suavizada,
Informaticamente distribuída,
E os Pilatos serão outros!

 
Eduardo Aroso
Páscoa 2014

segunda-feira, 14 de abril de 2014


 MARGINALIDADE – o que te fizeram!
Como quase tudo actualmente, seguiu ela também a tendência de a nivelarem pelo mais baixo. O que caracteriza a saudável marginalidade do ser humano são - ao contrário do rio que tem apenas a margem esquerda e a margem direita – múltiplas formas de criar em desejada originalidade e de se expandir, em face de um clima sócio-cultural oficial ou oficializado, que faz sempre os seus prosélitos, que, com o passar do tempo, vicia e degenera quantas vezes sem atingir a verdadeira ortodoxia ou incisão histórica.

Na sociedade portuguesa parece existir apenas um modelo legítimo, por isso aglutinador, dos que discordam do nítido mal-estar, do não pensar, do mau governar. Curiosamente, é esse modelo que em certos momentos, um pouco à semelhança de certa rotatividade democrática, colhe frutos ocasionais e aprecia muito recebê-los!...

No nosso panorama cultural, quer antes quer depois de Abril, os que tentaram arduamente fugir desse paradigma não têm sido aceites da mesma maneira que os referidos de certa rotatividade. O chamado grupo da «Filosofia Portuguesa», marginal desde sempre, está entre esses. Quem conhece a sua génese, o caminho percorrido, verá que, à parte uma ou duas figuras que a alguns “dá jeito pôr na lapela” nunca são tidos para nada, nem para reforçar outros marginais ao sistema - e muito menos os seus textos são estudados nas universidades.
Mas a condição humana de marginalidade não é a mesma do rio com as suas duas margens.

Eduardo Aroso, 14-4-2014

sexta-feira, 4 de abril de 2014

AFORISMOS DE IMANÊNCIA (19)

Sabemos que, de um modo ou outro, o ser humano sente. Tem-se dito, redutoramente, que o poeta é o artífice das palavras. Mas há o «plus ultra» de tudo isto, para se dizer que o poeta é, pelas palavras, o artífice do pensamento, essa nave maior que festeja e transporta todos os sentimentos na mais bela viagem.

Eduardo Aroso,

 4-4-2014