quinta-feira, 26 de junho de 2014

CAFÉ DA MANHÃ ©

 
Enquanto a manhã se espreguiça
As palavras colocam-se no sítio,
Como os botões da camisa.
Uma flor sobre a mesa
E a chávena de café
Trazem-me a recordação
Desse aroma forte e longínquo
Quando pela primeira vez o tomei
Com a mãe Eva e o pai Adão.

 
Eduardo Aroso ©
26-6-2014

segunda-feira, 23 de junho de 2014

AFORISMOS DE IMANÊNCIA (22)

A dificuldade de renascer das cinzas está em juntá-las de novo, pois as tempestades da vida espalharam-nas pelos quatro cantos do mundo.
Eduardo Aroso
22-6-2014 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

  • AFORISMOS DE IMANÊNCIA (21) ©
     Assistimos e quantas vezes participamos na morte de tantos irmãos, no mais agressivo e descomandado ambiente; a infindável teimosia da espécie que astutamente se aniquila a si própria, mas saboreamos a falsa moral que nos entra pela televisão, em gotas diárias de consentimento inócuo. Sentados na última pedra da escatologia, assistimos, inquietos e impotentes, à morte do mundo. A tudo isto, porém, a Vida assiste serenamente a uma ainda desconhecida ressurreição!  
     
           Eduardo Aroso
    18-6-2014

domingo, 8 de junho de 2014

DESENCRIPTAR A NAÇÃO! ©

Desocultemos a nação, o país verdadeiro que pulsa de vida e ansiedade à espera que o compreendam. Perceber o passado é entender o caminho andado e vislumbrar para onde poderemos ir; ansiar o futuro é fazer ouvidos moucos às efémeras lógicas do presente; queiramos o ousado fora do que os outros calculam e desenham na pele seca e curtida, que ninguém quer comprar, e que se chama Europa. Apressemo-nos outra vez a vestir a pele do mundo e a rodar de novo em nossas mãos a esfera armilar, podendo ser de um movimento nunca visto!
Ouçamos as pessoas, em vez da mensagem subliminar televisiva que se aloja em nós como um vírus; os economistas que falham em todas as previsões (parece que as chamadas bruxas acabam por acertar muito mais!); os ídolos feitos à pressa; as bandeiras clubísticas: uma que ora é a vencedora, ora que é a derrotada - as palmas a uma, os assobios a outra. Limpemos a sarna da notícia falsa, que nos desvia do essencial: exercitar o sagrado ofício de decidirmos por nós próprios. De uma vez por todas entendamos que ou estamos com o sistema ou lutamos contra ele. Porque o sistema alimenta-se a ele próprio, como as batatas dentro do mesmo saco que, em cima da carroça do burro, pelo movimento, só mudam de lugar dentro do saco.
Porque o próprio Mestre conhece bem quem o ajuda na expulsão dos vendilhões do templo, e até do próprio tempo, isto é, os que compram o tempo de outros a um euro ou dois à hora, para depois o venderam de outro modo.  

4-6-2014
Eduardo Aroso