terça-feira, 19 de março de 2019


S.O.S. UNIVERSAL ©

O mundo afoga-se lentamente
Trágica repetição do Titanic
Em terra julgada firme.
Come-se o pão da desconfiança
No esquecimento da semente.
Não há bóias gratuitas
Nem Constituições salvíficas.
Presas não se sabe onde
Restam duas cordas
Uma para cada mão:
A fé e a razão.
Agarra-te!

Eduardo Aroso ©
19-3-2019

quinta-feira, 7 de março de 2019


DIFÍCIL GRAMÁTICA©
(In memoriam das mulheres
da minha aldeia)

O verbo era sempre amar.
Em cima da mesa
Artigos indefinidos.
A enxada nas mãos
Única certeza.
O verbo era sempre amar.
Quanto aos substantivos
Eram muitos,
Eram os filhos.
As mães trabalhavam
Em difíceis substantivos:
A terra e a água
Levadas à raiz
Como um seio à boca
O verbo era sempre amar.

Eduardo Aroso©
17-2-2019