terça-feira, 30 de abril de 2019



ONDE FICA O LARGO DA PORTAGEM? ©

Procura-se na memória intermitente
Que descansa  longe
Talvez num sofá ou cadeira de rodas.
Chega ali ainda a vaga frescura das tardes
Do Mondego que subia livre na enchente
E arrefecia impiedoso os pés do Mata-Frades!
Ah, nas grades de ferro à beira da água
Arremetia-se com estrondo a liberdade
E o esvoaçar mais largo das fitas era sinal
Que poderia ser outra largada de aves.
Pergunta-se ao neto que escreve no telemóvel
Mas não sabe já o que é o Banco de Portugal
E onde fica a página que se abria extensa
Que ia do Parque até à Rua da Sofia.
Busca-se o sítio do Largo da Portagem
Talvez no Google ou no facebook
Mas a verdade da vida, que escorre e tem aroma,
Não admite, no fim de contas, qualquer truque.
É virgem fugidia essa calçada que não se pisa
Flores, amores-(im) perfeitos regados com espuma de cerveja.
Pergunto pelo verso que já não se escreve
E a assinatura feita no colo da esplanada
Com o rio em frente, primeira testemunha.
No tempo sem assento entra-se e sai-se num instante
Mas ao chão do Largo da Portagem já não se vai.

Janeiro de 2019
Eduardo Aroso©

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