Na sociedade portuguesa parece existir apenas um modelo legítimo, por isso aglutinador, dos que discordam do nítido mal-estar, do não pensar, do mau governar. Curiosamente, é esse modelo que em certos momentos, um pouco à semelhança de certa rotatividade democrática, colhe frutos ocasionais e aprecia muito recebê-los!...
No nosso panorama cultural, quer
antes quer depois de Abril, os que tentaram arduamente fugir desse paradigma
não têm sido aceites da mesma maneira que os referidos de certa rotatividade. O
chamado grupo da «Filosofia Portuguesa», marginal desde sempre, está entre
esses. Quem conhece a sua génese, o caminho percorrido, verá que, à parte uma
ou duas figuras que a alguns “dá jeito pôr na lapela” nunca são tidos para nada, nem
para reforçar outros marginais ao sistema - e muito menos os seus textos são
estudados nas universidades.
Mas a condição humana de
marginalidade não é a mesma do rio com as suas duas margens.
Eduardo Aroso, 14-4-2014
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