segunda-feira, 14 de abril de 2014


 MARGINALIDADE – o que te fizeram!
Como quase tudo actualmente, seguiu ela também a tendência de a nivelarem pelo mais baixo. O que caracteriza a saudável marginalidade do ser humano são - ao contrário do rio que tem apenas a margem esquerda e a margem direita – múltiplas formas de criar em desejada originalidade e de se expandir, em face de um clima sócio-cultural oficial ou oficializado, que faz sempre os seus prosélitos, que, com o passar do tempo, vicia e degenera quantas vezes sem atingir a verdadeira ortodoxia ou incisão histórica.

Na sociedade portuguesa parece existir apenas um modelo legítimo, por isso aglutinador, dos que discordam do nítido mal-estar, do não pensar, do mau governar. Curiosamente, é esse modelo que em certos momentos, um pouco à semelhança de certa rotatividade democrática, colhe frutos ocasionais e aprecia muito recebê-los!...

No nosso panorama cultural, quer antes quer depois de Abril, os que tentaram arduamente fugir desse paradigma não têm sido aceites da mesma maneira que os referidos de certa rotatividade. O chamado grupo da «Filosofia Portuguesa», marginal desde sempre, está entre esses. Quem conhece a sua génese, o caminho percorrido, verá que, à parte uma ou duas figuras que a alguns “dá jeito pôr na lapela” nunca são tidos para nada, nem para reforçar outros marginais ao sistema - e muito menos os seus textos são estudados nas universidades.
Mas a condição humana de marginalidade não é a mesma do rio com as suas duas margens.

Eduardo Aroso, 14-4-2014

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