quarta-feira, 20 de abril de 2016

PORTUGALIZANDO (3)

Quando os USA nasceram como nação já sabiam que poderiam ser uma espécie de senhores do mundo, porque puderam ver que, com Lutero e Calvino, não seria possível uma Europa una, como recentemente se tem incutido, pois se pela religião se dividiu, pela moeda – bem mais perto da cobiça – mais facilmente se  desmoronava. Considerando a ciclicidade da vida, a uniformização político-económica que Bruxelas tem pretendido fazer na Europa é muito mais nefasta do que, com certas imperfeições, a presença da unidade católica medieval na Europa.

Hoje, o Estado de direito, último reduto para salvar um tipo de democracia desgastada, num jeito de justificação de consciência, não tem impedido uma descarada ingerência na soberania das nações, ao ponto de, em tão pouco tempo, lhes ter provocado os maiores danos. Ouçamos Agostinho da Silva que escrevia no tempo em que se davam vivas à “Europa unida”: «Uma economia que, solicitada pela necessidade de mobilizar grandes capitais para organização do comércio e mais tarde da indústria em larga escala, põe completamente de parte o princípio de lei mosaica mas principalmente de fé cristã de não deixar que irmão empreste a irmãos com o pensamento no juro» (…) «quebrando a unidade do cristianismo, impedindo que mais cedo tivesse o catolicismo, como lhe compete, abraçado o mundo inteiro, e produzindo o capitalismo, o comunismo na sua forma actual, a ciência sem moral e uma técnica que, louca, se enamorou de si própria (...).

Afinal, irreversivelmente, pese embora os benefícios que o protestantismo trouxe pelo desenvolvimento científico e tecnológico, a verdade é que a Europa optou por Lutero e Calvino. A este respeito ainda Agostinho da Silva: «Calvino vai ligar num sólido feixe lógico uma ciência sem fraternidade, uma economia sem fraternidade, uma religião sem fraternidade. A religião que, depois de ter pregado a volta do Evangelho, queima Servet e manda esmagar em sangue a evangélica revolta dos camponeses alemães».

Hoje, como sempre, faz comichão a muitos a realidade histórica de a essência de o povo lusíada ser de cariz universal!

Eduardo Aroso,

20-4-2016

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