sábado, 5 de janeiro de 2013


AMAR PORTUGAL  (1)  ©

Quando uma mãe acaricia e chama docemente pelo seu filhinho, é como um raio de sol sobre a planta na ânsia de crescer para servir tudo e todos.
O professor que estimula o aluno no que ele tem de melhor – particularmente se este não tem ainda consciência disso – está a contribuir de um modo seguro para que o educando ganhe auto-estima pessoal e estímulo escolar, quiçá despertando o mais recôndito da sua vocação.
Não adianta continuar a flagelação do que é espúrio em Portugal. A lista dos defeitos está actualizada a toda a hora; o número dos calculadores de fraquezas e debilidades económicas e políticas aumenta diariamente, chegando ao ponto de cada português ter que se sentir já como que um salvador repentino da sua pátria, um herói compulsivo que vem à praça pública denunciar mais uma corrupção. Infelizmente a radiografia, embora útil na primeira fase da doença, não chega para curá-la. Infelizmente, analisar e numerar todos os sintomas da patologia nacional não dá saúde à nação.
Para aqueles que sabem e acreditam, Portugal é um arquétipo. E é o arquétipo que nos fala e não o contrário. O caminho seguro para se ter uma inteligibilidade superior da nossa pátria é a aproximação ao arquétipo. Ainda que a paisagem portuguesa, na sua diversidade, nos fale, enquanto estado de alma – assim a sentiu Pascoaes - , essa via de aproximação não se fará tanto pelo factor espaço. O tempo, podemo-lo de algum modo colher no sentido da História de Portugal, mas é sobretudo pela meditação no arquétipo que poderemos consubstanciar tempo e espaço, a intuição que pode lançar alguma luz sobre o presente. Queremos estar centrados no aqui e no agora, mas não estáticos. Queremos uma realidade que escorra do sonho, como quem está no parapeito de uma janela manuelina e, qual Janus bifronte, olha o passado e o futuro com a mesma clarividência, com a mesma serenidade, com a mesma alegria de chegar.
Amar Portugal é transmutar o fogo de artifício do novo ano nas permanentes línguas de fogo do Espírito Santo.
Amar Portugal é ser universal no convívio, mas não ser estrangeirado na gestão da nossa casa de muitos séculos.
Amar Portugal é ser humildemente o braço, a boca e o gesto do Arcanjo que vela por nós.
Amar Portugal é perceber que cada pesadelo no sono, no trabalho ou na sociedade, é ainda o confronto final que temos com o Adamastor.
«Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam»
Portugal, 1 de Janeiro do ano de dois mil e treze da graça de Deus.

Eduardo Aroso




1 comentário:

  1. Parabéns caro Eduardo

    Amar Portugal é amar a sua cultura universalista, é trabalhar para bem da Lusofonia, para bem da Humanidade.
    Os portugueses estrangeirados que nas últimas décadas ou até séculos têm vendido Portugal, não amam este grande País, desconhecem a sua cultura.
    Bom trabalho em prol de Portugal.
    Um grande abraço de fraterna amizade

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