AMAR PORTUGAL (2) ©
É difícil esquecer a República de Platão, a Política de Aristóteles, ou mesmo Da Monarquia de Dante. No Portugal de hoje nem o rei dança com o povo, nem a república é a res publica. Nem Terreiro do Paço nem praça pública. Daí termos que dançar de novo o corridinho do sonho, ou o fado maior de voltar a ter governação que nos sente outra vez no bodo do Espírito Santo, onde os necessitados sejam servidos antes de tudo e todos, como nos foi dado o exemplo em Alenquer pela Rainha das Rosas e do «plantador de naus a haver» Erguer, assim, padrões de carne viva e não outros que agora não educariam as almas desnorteadas.
À parte o imprevisto que dita por si, sem o apelo do curso dos dias, o que se deve ir fazendo é que a palavra revolução revolva muita pedra sobre heróis injustamente sepultados; revolva muito livro fechado que se deve reler; revolva muita energia parada mas ardentemente voluntariosa e sobretudo que as iniciativas, parecendo impossíveis, sejam vistas como uma espécie de santidade de olhar e de sentir. Parecendo impossíveis, se dirijam ao céu para que do próprio céu desça a nave ou a aluz que a todos proporcione a obra.
A nossa terra está santificada pelo simples facto de termos nascido nela; do mesmo modo ninguém ousa destruir voluntariamente o berço que o viu nascer. A canção brasileira fala do «país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza». A terra portuguesa deve ser diariamente sacralizada, como justa retribuição de nela habitarmos e, quer alguns queiram ou não, há um ritual quotidiano, ainda que os pés a pisem e as mãos de muitos se sujem moralmente por causa de partições e repartições deste altar natural que suporta o corpo de cada português.
O mar temo-lo como um incenso, na nossa alma vaporosa. Porém é no enigma da orla, no ponto de chegada e da partida que reside o mistério, quando princípio e fim se tocam e se fecha a circunferência, a revolução mais completa. D. Sebastião, temo-lo cá. Os desejados já estão entre nós, os jovens – e quem dera que mais houvesse. A eles, e por amor à pátria, não se mandem embora compulsivamente! Que não seja a partida dos escorraçados, se todavia a viagem é inevitável por apelos de outros destinos, os tais que podem ainda não constar nos mapas e nos roteiros. Não tornemos os nossos jovens indesejados perante a nação!
Amar Portugal é nunca deixar de acreditar na tradição popular que diz «Alma até Almeida».
Amar Portugal é nunca deixar de respirar na esperança de que nos ronde um rei oculto ou um presidente desejado.
Amar Portugal é corrigir o erro público, o desconhecimento do nosso melhor, porque não cabemos num ficheiro ou dossier de Bruxelas ou de qualquer outro escritório.
Portugal, Janeiro, 2013
Eduardo Aroso
Obrigado pelo execelente trabalho em prol de Portugal, dos portugueses não estrangeirados.
ResponderEliminarPortugal irá de novo libertar-se para bem da UE e da Humanidade.
Um abraço
Delmar
É o magnífico jogo, quase no sentido de brincadeira no recreio da alma, entre a expansão e a contenção da sua escrita, que revelam a genuinidade da sua marca.
ResponderEliminarÉ como uma respiração que, em deixar-se ouvir, assegura ao buscador "sem tino" a presença viva do seu próprio corpo, assim como uma estalagem do caminho cuja porta se abre sem perguntas, a cuja mesa se põe o pão e o vinho da festa do divino. Onde quer que seja. Em qualquer ponto do Universo.
Mais uma vez obrigado por partilhar.
Bruno Santos