quarta-feira, 21 de março de 2018



LADAINHA

Por todos os equinócios
Das erupções incógnitas.
Pelos mortos que ainda vivem
E pelos vivos que vão nascer um dia.
Oremos.

Por alguns poetas aprisionados
Sem culpa formada.
Pelo fluir apetecido de uma melodia
Como deslizamento brando de terras.
Oremos.

Pela pátria com doença prolongada
E os restos mortais de Camões
Guardados como primícias a nascer.
Oremos.

Pelas almas sem abrigo nem apólice
Órfãs de orações à porta dos bancos,
Que já se alienaram do próprio corpo.
E pela ressurreição de cada ave
Que caída no chão se levanta
Para olhar de cima
O chão incerto dos planeamentos.
Oremos.

Pela compreensão do sorriso das crianças
E a sabedoria dos anciãos nos seus lamentos.
Oremos.
Oremos.
Oremos.

Equinócio da Primavera, 2018
Eduardo Aroso©


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