domingo, 24 de maio de 2020


AFORISMOS (55)

No rosto de «olhar esfíngico e fatal» representam as duas faces de Portugal o Corvo e a Águia. Se olhamos para o primeiro, vemos o tempo presente, decaído, na inevitável putrefacção. Todo o devir tem o seu “nigredo” prévio, ou a aurora que deve emergir do negro nocturno cor da ave. Na outra face, tocamos a memória ou fio do tempo ao jeito de Ouroborus, onde se cruzam o mistério do início e do fim de ciclo, porque sabemos do  alento ígneo da espiral.
Séculos e séculos volvidos, eis que o Corvo da barca de S. Vicente voaria, transmutado em Águia, esse animal que fita o sol, sem medo, como um profeta olha o futuro.

Eduardo Aroso ©
24-5-2020




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