PERMITA-SE-ME O DESABAFO
Fui buscar o Eça, que me não levanta grandes dúvidas.
— "E qual é a posição dos deputados?...
— Na aparência, sentados, por dentro, de cócoras."
Portugal universal; não o efémero que nos amarra como única realidade nos cárceres escuros onde mataram o Sonho. Poemas e textos, alguns publicados em livros e revistas impressos, outros em blogues e os dados a conhecer aqui, para o domínio público, seguindo o rumo da Criação: a obra nunca está definitivamente acabada.
PERMITA-SE-ME O DESABAFO
Fui buscar o Eça, que me não levanta grandes dúvidas.
— "E qual é a posição dos deputados?...
— Na aparência, sentados, por dentro, de cócoras."
O QUERIDO MÊS DE OUTUBRO
O português gosta do mês de
Outubro, seja o dia (5) da Implantação da República, o mesmo dia do Tratado de
Zamora (reconhecimento da independência), o dia 7, quando durante décadas se
iniciavam as aulas, o 13 de Outubro (Fátima); diversos actos eleitorais na
época actual, para não falarmos de outras datas como o Congresso do Livre Pensamento (1913) ou
os muitos discursos de Salazar.
O português gosta de tudo experimentar, mesmo que não possa chegar ao fim e manter o brio do havido por si, sendo o mais certo que o seu experimento lhe caia das mãos ou vá parar a outras. O seu afã vem desde as Descobertas – embora, neste caso, estivesse além da sua vontade porque acto de um Destino Maior que teria que ser cumprido. Ânimo que chega à nossa época, onde o idealismo fica bem, mas o dinheiro acaba depressa, seja o habitante desta casa lusitana monárquico ou republicano, porque também alguns monárquicos sentam-se na Assembleia da República representando partidos (ou seja, é possível ser uma coisa e outra) e republicanos há que, para ali foram, porque do outro lado já pouco ou nada havia. Em Portugal é, muito naturalmente, possível ser cristão e ao mesmo marxista-leninista-stalinista; ir à missa e ao outro dia ir à bruxa.
Mas não só o mês de Outubro. Em
Abril, por exemplo, foi um penalty que bateu na trave; Outubro parece ter tido um
calendário de jogos difíceis, com prolongamento, mas nem sempre bem jogados. Falta
um Ronaldo na política? Falta. Falta um S. Francisco de Assis (mesmo sendo
laico) no ambiente? Falta. É urgente que ao Povo (com maiúsculas, para
distinguir de eleitores) ninguém se atreva a «jurar
o seu santo nome em vão». Ser republicano ou monárquico, em Portugal, é
estar em campos opostos? Ou não ser pela nação, pela pátria, pela ética, sem
respeito pelo legado dos antepassados é o mesmo que exibir um crachá ou ser
militante deste ou daquele partido?
Eduardo Aroso
(no mês de Outubro, 2020)