segunda-feira, 28 de julho de 2014


FRANCISCO MARTINS

 
Afastados são os dedos
Na penumbra luminosa
De haver viagem,
Largada cedo.

Mas à saída da barra
Fica sempre a boca da guitarra
- O som
Redondo e macio,
Plácida lua cheia.
Ou gaivota que vem e poisa
Preenchendo o areal vazio…

 
Eduardo Aroso
27-7-2014

terça-feira, 15 de julho de 2014


VER E (PRE)VER

No «I Ching» encontramos a essência de muitas das modalidades da psicanálise actual, porque as repostas que o antiquíssimo tratado chinês nos pode dar já estão todas dentro de nós. A questão é sempre o indutor, seja o livro no que transmite, ou o analista. O misterioso ser humano, embora a deseje, tem sempre relutância de ver a verdade nua e crua por si – neste caso dentro dele mesmo – pelo que a indução é como que um amortecedor. O mito de «Psique e Eros» é a expressão do amor entre uma mortal e um Deus. No caso da relação do ser humano com o «I Ching» é como se o mito fosse não o de «Eros e Psique», mas de «Psique e Psique», ou seja, o diálogo da alma com ela própria, apenas necessitando de uma indução.

Eduardo Aroso

13-7-2014

sábado, 5 de julho de 2014

AFORISMOS DE IMANÊNCIA (23)

O atrito que o sol faz, descendo sobre o horizonte no mar, chama-se beleza.

Eduardo Aroso
1-7-2014

terça-feira, 1 de julho de 2014


RECUPERAÇÃO, MAS NÃO DE MERCADOS 

Quando alguém perde a locomoção e/ou a expressão nalguma área, só lhe resta a chamada reabilitação. À nossa dita civilização cabe recuperar uma certa sabedoria que a maior parte dos seres nem supõe que tivesse existido. E nisto o discernimento do que também era ignorância. Não basta dizer que a História é a madre experiência que ensina. Por ser insuficiente o muito que tão depressa imaginamos que descobrimos, se não houver uma reabilitação do fruto das longas épocas históricas passadas - que não significa andar para trás para recuperar o que se perdeu - então já estamos numa cadeira de rodas e por fim teremos um acidente vascular cérebro-civilizacional.

1-7-2014 (aniversário de nascimento de Leibniz)
Eduardo Aroso ©