sexta-feira, 23 de abril de 2021

A CAVERNA DA NAÇÃO

 

Havia sombras nos corredores.

Moviam-se sem que entendessem

o que era para a frente e para trás.

Já quase ninguém sabia

a diferença entre novos e velhos

e muito menos da grande árvore genealógica.

Reflectiam-se então no jeito dos espelhos

e o tempo dava-lhes tudo… para nada.

Um dia os mais impacientes

acenderam umas fogueiras

à entrada da caverna.

Voltaram para dentro e sentaram-se

num lugar à parte dos outros

a desenhar um cartaz que dizia:

tendes a liberdade

de pensar quem sois.

Mas nenhum deles tinha visto o sol.

 

Eduardo Aroso©

Abril, 2021