quinta-feira, 31 de janeiro de 2013



AMAR PORTUGAL  (3)  ©
Ainda há aves ou avis de Aviz para amar e compreender a afirmação pessoana «o nosso destino é sermos tudo». Os simplesmente intelectuais pragmáticos têm reagido de várias maneiras, vendo na frase uma espécie de nevoeiro baço ou um delírio nacionalista, sobretudo na época em que a economia parece ser o céu (logo transformado em inferno!) de tudo e de todos. Quer tenhamos ou não um conceito providencialista da História, a negação ou mesmo desconfiança da afirmação «o nosso destino é sermos tudo», pura e simplesmente é a negação de Deus, já que O limita! Ou seja, para estes, ser tudo parece não estar ao alcance de Portugal, matriz do V Império, podendo a lusofonia ser já a Fénix!
É compreensível que a civilização tenha delimitado os contornos da materialidade, as suas fronteiras, questões populacionais, novas estruturações políticas, sociais e de produção, delimitação e definição que aliás a experiência histórica foi ditando. Todavia, na dimensão do espírito, coexistindo mais ou menos lucidamente com a vida como a vivemos, «o sermos tudo» não pode ter o limite que só um raciocínio cartesiano ainda prende. «Ser tudo de todas as maneiras» significa que, provavelmente pela primeira vez, é a totalidade que se move e não apenas uma parte, seja apenas, por exemplo, um período histórico. Há aqui como que um movimento sistémico na sua inteireza, o que nos remete para um mundo de possibilidades nunca imaginadas; como se os próprios marinheiros de quinhentos  suspeitassem já do g.p.s. ou de outras tecnologias, mas intuíssem que o verdadeiro barco só zarpa se todos o empurrarem, e na hora certa, haja ou não o g.p.s.! É claro que é a partir do espiritual, invisível, se quisermos, que primeiro se opera a mudança para o visível. Daí eu ter referido, no meu primeiro texto, que Portugal é um arquétipo.
Não deixa de ser curioso que Portugal, no que ao espaço concerne, se compara ao processo homeopático de cura. Na diluição máxima, pode operar-se a máxima energia (e sinergia). A progressiva diluição do império territorial, desde a Índia a Timor e Macau, só pode ter sido benéfica para que agora opere, de um modo nunca visto, o espírito português. Só aqui chegados é que entramos na intelecção de totalidade da afirmação que nos deixou o poeta de Mensagem. Só aqui chegados é que podemos ir à gnose bíblica de «O Filho do Homem não tem onde reclinar a sua cabeça» (Mateus). Porque ter cabeça é muito melhor do que simplesmente não ter onde a reclinar. Diluído até onde possa ser, diluído também o nosso paradoxo - sempre com a possibilidade de ser fonte de luz para alguns – diluído no mistério do seu arquétipo, e a nação moída e macerada económica e politicamente. Só aqui chegados é que podemos compreender a possibilidade da manifestação superior da alma portuguesa que Pessoa colocou perante o alemão inteligente, Conde de Keyserling, sem que se saiba o que terá ele compreendido da carta do poeta.

Amar Portugal é não pensar silenciosamente que «o rei vai nu», mas compreender que agora vão todos nus!
Amar Portugal é deixar cair as escamas dos atrevidos vestidos de heróis!
Amar Portugal é deixá-lo respirar nos mais fundo dos pulmões!

Terras da Lusitânia a desbravar, em geminação com o resto mundo, 31/1/2013

Eduardo Aroso

terça-feira, 29 de janeiro de 2013



POEMA EM (DES) ACORDO

Nem texto nem contexto
Servem para ficar.
Limpemos a ortografia
Que nada tem para dar.
Nasce a flor de uma raiz
E por ela nasce a Língua;
Cuidemos desta criação,
Já chega de tanta míngua.
No escuro passo da História
A cada erro, um por um,
Não consintamos sentido
Ao que não tem sentido nenhum.

Eduardo Aroso
29-1-2013


domingo, 27 de janeiro de 2013



CAMÉLIAS

                       
Mais brancas que a neve
E frias como a distância.
Já não existem mãos leves
Que estremeçam a raiz.
Agora nem os pássaros
Nem a ânsia da terra
Que silenciosa nada diz.


Eduardo Aroso, 27-1-2013

terça-feira, 22 de janeiro de 2013



O meu primeiro livro, 1982.

LÁPIS DE COR

Professor!
Quero fazer um desenho,
Mas não tenho o lápis de que gosto.

Quero pintar dessa cor
Com que ficam os olhos dos meninos
Quando sabem a lição!

(poema de abertura)


Eduardo Aroso









« (...) Por isso me surpreendeu a excelente tentativa de Eduardo Aroso (?) onde o ritmo é saltitante, caprichoso, quase como o de quem anda ao pé-coxinho ou quer salta à corda» Adolfo Simões Muller, escritor e Director das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian (24-3-1981).

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013




AINDA E SEMPRE   ©

«Ainda» - dizia ontem a canção!
Sim, tudo está por fazer
Com os pulsos na terra
E a esperança a arder.
Tudo se fará novo padrão
Do Portugal vagueando ao desnorte.
Até na madrugada mais fria
Arde a vontade de negar a morte!

Escrito por Eduardo Aroso
em 18-1-2013


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013



AMAR PORTUGAL  (2) ©

É difícil esquecer a República de Platão, a Política de Aristóteles, ou mesmo Da Monarquia de Dante. No Portugal de hoje nem o rei dança com o povo, nem a república é a res publica. Nem Terreiro do Paço nem praça pública. Daí termos que dançar de novo o corridinho do sonho, ou o fado maior de voltar a ter governação que nos sente outra vez no bodo do Espírito Santo, onde os necessitados sejam servidos antes de tudo e todos, como nos foi dado o exemplo em Alenquer pela Rainha das Rosas e do «plantador de naus a haver» Erguer, assim, padrões de carne viva e não outros que agora não educariam as almas desnorteadas.
À parte o imprevisto que dita por si, sem o apelo do curso dos dias, o que se deve ir fazendo é que a palavra revolução revolva muita pedra sobre heróis injustamente sepultados; revolva muito livro fechado que se deve reler; revolva muita energia parada mas ardentemente voluntariosa e sobretudo que as iniciativas, parecendo impossíveis, sejam vistas como uma espécie de santidade de olhar e de sentir. Parecendo impossíveis, se dirijam ao céu para que do próprio céu desça a nave ou a aluz que a todos proporcione a obra.
A nossa terra está santificada pelo simples facto de termos nascido nela; do mesmo modo ninguém ousa destruir voluntariamente o berço que o viu nascer. A canção brasileira fala do «país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza». A terra portuguesa deve ser diariamente sacralizada, como justa retribuição de nela habitarmos e, quer alguns queiram ou não, há um ritual quotidiano, ainda que os pés a pisem e as mãos de muitos se sujem moralmente por causa de partições e repartições deste altar natural que suporta o corpo de cada português.
O mar temo-lo como um incenso, na nossa alma vaporosa. Porém é no enigma da orla, no ponto de chegada e da partida que reside o mistério, quando princípio e fim se tocam e se fecha a circunferência, a revolução mais completa. D. Sebastião, temo-lo cá. Os desejados já estão entre nós, os jovens – e quem dera que mais houvesse. A eles, e por amor à pátria, não se mandem embora compulsivamente! Que não seja a partida dos escorraçados, se todavia a viagem é inevitável por apelos de outros destinos, os tais que podem ainda não constar nos mapas e nos roteiros. Não tornemos os nossos jovens indesejados perante a nação!
Amar Portugal é nunca deixar de acreditar na tradição popular que diz «Alma até Almeida».
Amar Portugal é nunca deixar de respirar na esperança de que nos ronde um rei oculto ou um presidente desejado.
Amar Portugal é corrigir o erro público, o desconhecimento do nosso melhor, porque não cabemos num ficheiro ou dossier de Bruxelas ou de qualquer outro escritório.
Portugal, Janeiro, 2013
Eduardo Aroso

sábado, 12 de janeiro de 2013



Do sentido do Amor
 
A Sampaio Bruno,
in memoriam
 
Há um timbre pessoal
Que soa no caminho
E também no semelhante
Só nesse tom ouvido,
Flor oculta do segredo.
O contrário do amor
Não é apenas o medo
Mas aquilo que parece ser.
Entre a cripta e a cruz ao alto
Deus vela e corrige,
Sopro das letras na ordem certa
Neste labiríntico desterro.
Oh, pálida lua do sol escondido,
Frouxa claridade entre a verdade e o erro.

Portugal, 24-10-2012
Eduardo Aroso

 Publicado pela 1ª vez em CIRCULO ANTÓNIO TELMO

http://circuloantoniotelmo.wordpress.com/2012/11/14/um-poema-inedito-de-eduardo-aroso-4/



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013




O QUE NOS PRENDE É O QUE NOS LIBERTA *
O português procura o mundo pela necessidade
de adorar o abstracto por intermédio do concreto,
de cultuar Deus através da sua Natureza.
Agostinho da Silva

Aquilo que nos amarra como um nó do destino pode ser o que também nos ilumine de verdadeira liberdade, ultrapassando mesmo a da tríade da Revolução Francesa. O sentido mais profundo do título em epígrafe poderá conduzir-nos, em futuro não muito distante, ao almejado sonho até agora vivido por repetidos e alternados actores parciais de aristotelismo ou platonismo. Se, como alguém disse, é a terra (o local) que nos prende, também, por isso mesmo, se deve colocar a naturalidade de uma filosofia situada – neste caso, filosofia portuguesa ou pensamento situado – como é, por exemplo, a existência do Direito Natural. Não exactamente à maneira da usada e abusada analogia do micro e do macrocosmos, mas do particular que dá corpo à liberdade una do universal. A este só verdadeiramente importa o que no particular é susceptível de comungar das duas dimensões, evitando o igualitarismo proliferador de ausências. É este, parece-nos, o sentido profundo que Pessoa quis dar à sua conhecida expressão «O nosso destino é sermos tudo».
Na simbologia do Fausto, por onde se entra também se deve sair, não significando uma espécie de eterno-retorno, mas o pronunciar a senha do caminho. A chave que abre a porta é a mesma que a pode fechar. Nos caminhos superiores do espírito, a liberdade é tanto maior quanto maior é o amor, seja no pensamento de Leonardo Coimbra, seja no de Agostinho da Silva, nas modulações de acção que este lhe imprimiu, a das múltiplas possibilidades de ser. Vários “centros” podem gravitar em liberdade, tenham o único centro por mais ou menos obscuro, conquanto haja ordenação na vida. Portugal, Brasil e toda a lusossofia (assim gosto de dizer) podem ser vários centros de um todo maior. Nesta conjuntura podemos ver muito claramente o princípio sistémico de receptividade, ainda que operando em níveis nem sempre conscientes.
O que nos prende é o que nos liberta poderia expressar um dos traços essenciais do pensamento de Agostinho da Silva, cujo centenário hoje se celebra. O autor, explicavelmente, tão brasileiro como português, simboliza também o que o Brasil é, ao invés do que parece ser; e quanto a Portugal, o poder ser, ao contrário do que é dado como moderna realização acelerada. O citado filósofo, nascido no Porto, em 13 de Fevereiro de 1906, fundador de universidades e centros de estudo na pátria de Gilberto Freyre, pronunciou-se lucidamente ao afirmar que o Brasil «não foi um território que Portugal submeteu; foi o generoso acolhedor de todos aqueles que não queriam submeter-se a Portugal». Esta espécie de cisão esclarece melhor a nossa condição de povo que do naco da Europa toma apenas o que lhe é dado tomar, atirando-se então mais para o mar do que para o velho continente. É Agostinho de Silva que no Ensaio para uma Teoria do Brasil nos diz que «a porção particular de Europa que abordou o Brasil e nela exerceu maior influência já se afastava, por condições especiais da sua estrutura geográfica, psicológica e histórica, das linhas mestras do desenvolvimento cultural europeu». De facto, a árvore apoiando-se na raiz sempre debaixo do solo, tem o ímpeto natural de crescer esplendorosamente para os céus, à procura de mais sol e de mais azul.
O português partiu e parte sempre de outros modos menos visíveis. Mas quando o faz no espaço, não se pense que é para um desfecho último, ao jeito do Filho Pródigo. Se festa houver, não é, na maioria dos casos, por necessidade de arrependimento, mas pela aventura invisível do subjectivo em qualquer parte. Habitante universal, pode dizer-se, como na linguagem rústica, que em qualquer canto do mundo «pega de estaca». Há, de facto, uma outra identidade portuguesa disseminada por incríveis paragens, que não usa bilhete de identidade qualquer que seja o país onde se encontre, e muito menos cartão de crédito. Para certos abastecimentos, possa ou não já estar esquecido aquele sentido de abundância de vida que o casal régio Dinis e Isabel mostraram instituindo as Festas do Divino, o português sabe, tanto quanto o brasileiro, que há um outro suprimento presente e vivificante da chama do Espírito Santo. Por isso, do típico modo impreciso nasce o improviso, mais como sentir do sopro da vida do que por calculismo de rectificação.
Pronunciar o verbo na Língua Portuguesa, certificado português de uma cidadania universal, é ir tirando as amarras ao que nos prende e aspirar à liberdade a partir da questão mais problemática, que é sempre o «calcanhar de Aquiles» ou de aqui. Cabe aqui também o verso pessoano, «Senhor, falta cumprir-se Portugal», alvo macerado de tantas prosaicas hermenêuticas, que depois de miragens territoriais e mesmo das sensatas implicações linguísticas, deve conduzir-nos por certo àquele Portugal «subterrâneo» de que nos fala o poeta numa carta ao Conde de Keyserling. Subterrâneo ou talvez empíreo, e que, por tal, não abundem os olhos de ver, na certeza de que os de Camões, na Ilha dos Amores, viram claramente a futura redenção do mundo por actos fraternais.
E o português que ficou cada vez mais com os dias labirínticos? Há ainda para esse as janelas manuelinas que, hoje, diríamos imateriais, e os corredores à espreita dos espaços inundados de nevoeiro. Porém, aqui, é sempre dada a possibilidade de ver, conquanto a luz não impeça, por excesso. Para o eminente pensador António Telmo, a ideia superior de nevoeiro deve traduzir-se por um globo imanente de luz irradiante, e que, por isso, impede a nítida visão a quem não esteja devidamente preparado. Ou seja, poucos saberão discernir neste extremo de luz; muitos não podem ver na sua ausência.
O português que ficou, menos aventureiro e afoito - ao contrário daquele que procurou ainda espaço para realizar finalmente o que não precisa de espaço – é mais paciente, de uma docilidade persistente, e tornou-se por isso subjectivo na sua aventura, que nem por isso deixa de ser aventura. E neste aspecto, quanto a certas heroicidades exaltadas nas últimas décadas, apenas pelos exílios no espaço, muito haveria a dizer. É que o caminho subjectivo pode ser tão doloroso que leve das incríveis privações à morte física, tais os infelizes exemplos de um Camilo, de um Antero, de um Raúl Proença. Se quiséssemos utilizar, no melhor sentido esotérico, os termos involução e evolução, diríamos que a referida via subjectiva (consciente) é evolutiva, enquanto a primeira se pode situar ainda na involução, pois a terra, como dissemos, é o lastro para a liberdade mas não ela própria, não havendo obviamente impedimento de harmónicos processos inclusivos.
No português de hoje, radicado neste espaço rectangular reduzido ao mínimo denominador que já não é comum, pois comum só a Língua, encontramos ainda assim dois tipos bem distintos. Uns não querendo ou não podendo libertar-se do que os prende, e sempre que pretendem esgueirar-se de si na compreensão, dão mais uma volta às amarras, tornando o corpo um pouco mais insensível, embriagada a alma de alimentos que não deviam ser sólidos; é mais uma volta da corda. De outro lado, de muitos lados, um punhado, melhor, uma mão de portugueses mantém o olhar tão fixo como sereno nas cordas libertadoras representadas nos Painéis de Nuno Gonçalves. Essa mão pode ser a dos versos de Antero «Na mão de Deus», quando nos diz que nela descansa o coração. Nós, com a devida vénia, poderíamos também dizer que nela (não dela) se liberta o coração, o mesmo é dizer «o sermos tudo». Essa Mão omnipresente é aquela que sabe dispor a corda que nos faz subir e não a que nos amarra. Subimos partindo do apoio dos pés e pela possibilidade do ponto imaterial que segura a corda por onde ascendemos à gávea mais alta além de todos os nevoeiros. De lá saberemos que a Ilha dos Amores fica aqui.
Portugal, 13 de Fevereiro de 2006
Eduardo Aroso
* Sinal Segundo neste ano (hoje, dia) do Centenário de Nascimento de Agostinho da Silva



















































































































































































Publicado pela 1ª vez em

http://triplov.com/espirito/aroso/2006/Agostinho_da_Silva.htm







sábado, 5 de janeiro de 2013


AMAR PORTUGAL  (1)  ©

Quando uma mãe acaricia e chama docemente pelo seu filhinho, é como um raio de sol sobre a planta na ânsia de crescer para servir tudo e todos.
O professor que estimula o aluno no que ele tem de melhor – particularmente se este não tem ainda consciência disso – está a contribuir de um modo seguro para que o educando ganhe auto-estima pessoal e estímulo escolar, quiçá despertando o mais recôndito da sua vocação.
Não adianta continuar a flagelação do que é espúrio em Portugal. A lista dos defeitos está actualizada a toda a hora; o número dos calculadores de fraquezas e debilidades económicas e políticas aumenta diariamente, chegando ao ponto de cada português ter que se sentir já como que um salvador repentino da sua pátria, um herói compulsivo que vem à praça pública denunciar mais uma corrupção. Infelizmente a radiografia, embora útil na primeira fase da doença, não chega para curá-la. Infelizmente, analisar e numerar todos os sintomas da patologia nacional não dá saúde à nação.
Para aqueles que sabem e acreditam, Portugal é um arquétipo. E é o arquétipo que nos fala e não o contrário. O caminho seguro para se ter uma inteligibilidade superior da nossa pátria é a aproximação ao arquétipo. Ainda que a paisagem portuguesa, na sua diversidade, nos fale, enquanto estado de alma – assim a sentiu Pascoaes - , essa via de aproximação não se fará tanto pelo factor espaço. O tempo, podemo-lo de algum modo colher no sentido da História de Portugal, mas é sobretudo pela meditação no arquétipo que poderemos consubstanciar tempo e espaço, a intuição que pode lançar alguma luz sobre o presente. Queremos estar centrados no aqui e no agora, mas não estáticos. Queremos uma realidade que escorra do sonho, como quem está no parapeito de uma janela manuelina e, qual Janus bifronte, olha o passado e o futuro com a mesma clarividência, com a mesma serenidade, com a mesma alegria de chegar.
Amar Portugal é transmutar o fogo de artifício do novo ano nas permanentes línguas de fogo do Espírito Santo.
Amar Portugal é ser universal no convívio, mas não ser estrangeirado na gestão da nossa casa de muitos séculos.
Amar Portugal é ser humildemente o braço, a boca e o gesto do Arcanjo que vela por nós.
Amar Portugal é perceber que cada pesadelo no sono, no trabalho ou na sociedade, é ainda o confronto final que temos com o Adamastor.
«Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam»
Portugal, 1 de Janeiro do ano de dois mil e treze da graça de Deus.

Eduardo Aroso







BEM-VINDO, AMIGO!


Amar Portugal na razão maior, no meu caminho também de outras razões e emoções, habitando as horas que nascem vazias.

 «Quem se levanta cedo em busca de sabedoria, encontra-a sentada defronte da sua porta» (de um Mestre). Mas também «Deus ajuda a quem se muda» (da tradição).
 

Em memória de Agostinho da Silva - patrono simbólico desta Távola de Escrita