sábado, 30 de maio de 2015

POEMINHA DO CHAT

Esse belo animal doméstico
Em cujo pêlo
Se catam corredores de ilusão.

Eduardo Aroso
Maio, 2015

sábado, 23 de maio de 2015

APORTUGUESAR  PORTUGAL
(ou a justificação do paradoxo) 

Ansiamos por um D. Sancho I (O Povoador) para ajudar a resolver o grave problema a que se tem fechado os olhos durante décadas, e que está prestes a atingir o auge; a imagem do interior do país é o reflexo da assembleia da república como núcleo de interesses internacionais.
Gritamos por um D. Dinis, como pão para a boca, para evitar que se dizime o que resta dos pinhais e travar a epidemia do eucalipto, ainda que um ex-ministro tivesse afirmado que a dita árvore constitui o «nosso petróleo vegetal» (!).
 Um D. Dinis, Lavrador de Letras, que reforme as universidades do caos a que chegaram, abrindo janelas e limpando corredores labirínticos. Uma Isabel, Rainha Santa, para reformular as Festas Populares do Espírito Santo, ou a Consolação da Alegria sem brejeirice, a efusão do verdadeiro sentido de abundância e não de jactância, expurgando-as da deturpação e da apreensão de Roma, e manter vivo esse pioneiríssimo exemplo das Festas do Bodo, em que, sentados à mesa, Clero, Nobreza e Povo, o pobre era o primeiro a ser servido!
Um D. João I (o de Boa Memória, ao contrário dos governantes de hoje, sem memória) que fale para e com o Povo, e que proporcione a gestação de uma nova «Ínclita Geração».
De um novo D. Fernando, discreto na Corte, mas que sibilinamente olhe pelo património português.
Na convergência, um outro «Ultimatum» para o nosso tempo, muito além do dia de (re!) eleições.
Se a república “à portugaise” que entendeu substituir a monarquia, não é minimamente capaz de resolver as indigestões e congestões do país, então que se demita: mas melhor seria abrir escolas para ensinar a todos que a democracia de Sólon e de Clístenes está por fazer entre nós.

23-5-2015
Eduardo Aroso ©


AFORISMOS DE IMANÊNCIA (35)


Os fragmentos de barro, que ficam depois da extenuação do dia, são a ânfora mais bela da noite.


24-5-2015

Eduardo Aroso 

domingo, 3 de maio de 2015

ANTÓNIO TELMO
OU A RECONSTITUIÇÃO DE UMA MELODIA ORIGINAL

88 são as teclas de um piano de concerto!
Mas entre bemóis e sustenidos
Fica tudo o mais o que os dedos não tocam
O que se adivinha a seguir
E os tempos idos
Na inteira sensação
Que quem escuta de modo diverso sabe distinguir.

Um aroma move-se entre sons e silêncios.
E são essas impressões
Que não se apagam da memória
Quando se reconstitui o fio cantante
Da vida que ali ou mais além
Tem as suas modulações.

- Então volta toda a música como o nascer de sol
Um som que pede outro acima dele,
Um ritmo que se funde noutro mais complexo
Um pensamento que explode de luz íntima…
E tudo continua e se junta não tanto como no Bolero de Ravel,
Mas na praia atlântica onde a dança pertence às ninfas do sonho
E o som das ondas, uma a uma, reconstitui a cadência lusíada;
Uma flauta criou a escala necessária para dar todas as cores à sua melodia
Que se agarra comovida ao plâncton profundo da pátria.

Eduardo Aroso, 15-04-2015

In





sábado, 2 de maio de 2015

MATERNAL

Nome que tocas todos os nomes,
Madrugada viva de orvalho
Que nenhum deserto faz esquecer.
Sei que tudo fenece ao fim do esvoaçar
Do longo dia
E que há uma ave que nunca morre.
Em ti quando o mistério
Se faz luz,
O fogo do afago.

Eduardo Aroso ©

2015
DATA

Escreveste nos meus olhos,
Por isso não consegues apagar-te.

Eduardo Aroso
18-4-2015