domingo, 3 de maio de 2015

ANTÓNIO TELMO
OU A RECONSTITUIÇÃO DE UMA MELODIA ORIGINAL

88 são as teclas de um piano de concerto!
Mas entre bemóis e sustenidos
Fica tudo o mais o que os dedos não tocam
O que se adivinha a seguir
E os tempos idos
Na inteira sensação
Que quem escuta de modo diverso sabe distinguir.

Um aroma move-se entre sons e silêncios.
E são essas impressões
Que não se apagam da memória
Quando se reconstitui o fio cantante
Da vida que ali ou mais além
Tem as suas modulações.

- Então volta toda a música como o nascer de sol
Um som que pede outro acima dele,
Um ritmo que se funde noutro mais complexo
Um pensamento que explode de luz íntima…
E tudo continua e se junta não tanto como no Bolero de Ravel,
Mas na praia atlântica onde a dança pertence às ninfas do sonho
E o som das ondas, uma a uma, reconstitui a cadência lusíada;
Uma flauta criou a escala necessária para dar todas as cores à sua melodia
Que se agarra comovida ao plâncton profundo da pátria.

Eduardo Aroso, 15-04-2015

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