POEMA DAS SEMPRE BEM-AVENTURANÇAS ©
A Roberto Costa
Bem-aventurados os livres que na sua
condição
Içam dos pântanos escuros
Os que ainda labutam na opressão.
Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça
E se esforçam por derrubar da mentira
os muros,
E sangram nas veredas da pesquisa,
Às vezes feridos na luta
Dos processos em apuro.
Bem-aventurados os que persistem
E resistem na senda da verdade
Ainda que no fim tenham que dizer
«e no entanto ela move-se…»
E os mansos cuja mansidão
Escorre do suor de cada mão,
Do rosto e da pele quando lhes tocam
Os calafrios da fome e do abandono;
E os justos que corrigem um troco de
dinheiro,
Por engano mal feito,
E nas coisas do Estado vão pelo
caminho mais estreito…
Bem-aventurados esses sentindo que o
fulgor de uma intuição
Atravessa as enciclopédias surdas à
voz da profecia,
Gritando pela actualização necessária
de cada dia.
Bem-aventurados os que reúnem passado
e futuro
No ápice iluminado do presente,
Os que sabem hoje do destino
inevitável
Do muito que nos serve
Ser tão-só matéria reciclável!
Bem-aventurados os que choram
Rios que passam nas cordilheiras do
apuro,
Águas ansiosas do oceano da paz,
Lágrimas como raios de sol
De um novo dia que a madrugada traz.
Os que choram o sal desta e qualquer
idade,
Os que choram como um poema
Escrito pela rosa oculta da saudade.
Bem-aventurados todos, filhos da luz,
Semeadores de sóis por haver,
Asas do porvir, esperança em
propulsão,
Os do gesto inteiro,
Que sonham com a Criação.
Na ânsia mais alta:
A busca do verbo último e primeiro!
Escrito por Eduardo Aroso ©
Agosto de 2013
Um nobre exemplo de quem tem grande valor em seu coração e uma profunda gratidão perante um Amigo muito especial que merece o seu poema que fala muito mais do que nele existe.
ResponderEliminar