DE UMA (RE) LEITURA DE
«HISTÓRIA SECRETA DE PORTUGAL DE ANTÓNIO TELMO
Santa Maria, no portal
sul do Mosteiro dos Jerónimos - e cuja
posição arquitectónica a António Telmo não passou despercebida na sua ímpar obra
- lançando o seu olhar sobre o Atlântico, como que acompanhando a frota de
Cabral, parece profetizar sobre a grande civilização do futuro a que se chama
Brasil. De outro modo podemos vê-la, como indizível presença no altar dos céus
que é o Cruzeiro do Sul, constelação que, segundo o emérito astrónomo
brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, em «A Astronomia em Camões» a
refere como «uma das glórias dos navegantes portugueses, que a teriam registado
pela primeira vez». Não é descabido, portanto, vê-la com mais ou menos metáfora
no céu nocturno sobre a cruz das quatro estrelas que Camões em «Os Lusíadas»,
VIII, 71, refere do seguinte modo: «Descobrir pôde a parte que faz clara/ De
Argos, da Hidra a Luz, da Lebre e da Ara».
Santa Maria a mesma
Senhora resplandecente sobre uma azinheira no centro de Portugal, e que no
trânsito mistérico se poderá esclarecer talvez um dia se este local, onde, bem
perto, os Templários assentaram praça, tem repercussão com o famigerado centro
do mundo conhecido por Agartha e outros nomes. É deveras interessante pensarmos
que o culto à Senhora, o mesmo é dizer a um supremo princípio maternal e feminino,
foi requerido pelos Templários, guerreiros do lado de fora e secretos do lado
de dentro, mas onde se vê claramente que os dois círculos e até o princípio da
dualidade (veja-se o cavalo com duas figuras, que alguns identificam como o
signo astrológico de Gémeos, o do movimento e das viagens) numa ordem
guerreira, portanto dinâmica e marciana, tenha tido no seu seio a vibração da
candura feminina da Virgem Maria. Já que de planetas também se fala, não me
consta que se tenha reparado num pormenor notável: é que tanto as aparições de
Fátima, de Maio, como as de Outubro se dão nos meses dos signos Touro e
Balança, ambos regidos pelo planeta Vénus, da harmonia e da paz, conhecido
também como a estrela d’ alva ou estrela da manhã e estrela da tarde.
Assim, no olhar benevolente
e cintilante como o mais amplo horizonte ao nascer do sol, a mesma Senhora
vigilante no portal sul dos Jerónimos ou da azinheira do centro de Portugal,
parece confirmar e aguardar serenamente aquela frase que tantas vezes o mestre
António Telmo proferia: «reunir o que está disperso».
© Eduardo Aroso,
29-8-2015, dia de plenilúnio.
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