A CASA DO POETA
Ao contrário do que se diz
Fernando Pessoa só teve uma casa.
Nasceu no Largo de São Carlos em
Lisboa
e nunca mais mudou de lugar.
O que ele fez foi alargar a habitação:
meteu-lhe um telhado tipo proa,
um radar ligado a todos os sentidos
e ele próprio viajava como os aviões
supersónicos que não se podem
detectar.
Quando as obras da casa estavam na
extrema
incalculável de um qualquer vizinho
longínquo
que ele desconhecia, o poeta
continuou
e chamou-lhe Universo, Cosmos, Galáxia
(isto é, até onde ia a sua casa nem
ele sabia).
Insatisfeito com as obras deu-as por
acabadas
por ordem do Arquitecto no dia 30 de
Novembro
de mil novecentos e trinta e cinco.
Eduardo Aroso©
6-9-2020
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