MEMÓRIA DE DIÓGENES
Na morna lucidez deste Outono
percorri as ruas da cidade
sob um sol farto que nasceu para todos.
A lâmpada erguida no braço
anseio antigo de nitidez
nas grutas humanas da obscuridade.
Transbordava o meio-dia
escorrendo pelo reflexo das montras
e nas pedras gastas do chão
com desenhos de traça lusitana.
Ou a luz me cegava os olhos
ou já não havia madurez
de outros que se afirmava
num aperto de mão.
Nem a lâmpada minha escrava
me ajudava a cada passo
em todos os locais procurados.
Andei pelas ruas da cidade
e não encontrei o que queria
no meio de rostos encriptados.
Eduardo Aroso©
26-10-2021
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