sexta-feira, 5 de novembro de 2021

 

MEMÓRIA DE DIÓGENES

 

Na morna lucidez deste Outono

percorri as ruas da cidade

sob um sol farto que nasceu para todos.

A lâmpada erguida no braço

anseio antigo de nitidez

nas grutas humanas da obscuridade.

 

Transbordava o meio-dia

escorrendo pelo reflexo das montras

e nas pedras gastas do chão

com desenhos de traça lusitana.

 

Ou a luz me cegava os olhos

ou já não havia madurez

de outros que se afirmava

num aperto de mão.

Nem a lâmpada minha escrava

me ajudava a cada passo

em todos os locais procurados.

Andei pelas ruas da cidade

e não encontrei o que queria

no meio de rostos encriptados.

 

Eduardo Aroso©

26-10-2021

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