OS DEBATES TELEVISIVOS E A QUESTÃO QUE FALTA:
PORTUGAL
DEVERIA MUDAR DE NOME?!
Na esfera dos artistas, é frequente estes mudarem de nome, isto é,
sentem necessidade de adoptarem um outro mais ajustado ao que são. Num outro
âmbito, a questão poder-se-ia colocar para o nosso país. Já não somos o
Portugal do rei Fundador que, num gesto pioneiro de verdadeiro ecumenismo,
fazia pactos com chefes muçulmanos na perspectiva do lema «viver e deixar
viver»; nem do país do Rei-Lavrador que laborou mais pela Língua Portuguesa do
que qualquer governo dos últimos cem anos; porque também já não somos o
Portugal da Ínclita Geração, à qual têm sucedido algumas ímpias gerações; ou
mesmo do Portugal que ao fim de sessenta
anos resolveu não querer mais o jugo castelhano, gente do Interregno à qual
sucederam gerações que lá conseguiram resistir ao mapa cor-de-rosa e
posteriormente outras que se prestam a cobaias de manobras internacionalistas,
ao mesmo tempo que se envergonham do melhor da nossa gesta histórica, enquanto
alguns de fora a têm estudado com afinco. Pode-se dizer que uma das últimas
notáveis gerações foi a da Renascença Portuguesa (uma verdadeira elite cultural
que hoje é mal vista no mundo académico) bem como do nosso Modernismo.
Sufocados por cerca de um século de positivismo e nihilismo do Círculo de Viena
(1922-36) que instituiu o paradigma hoje vigente em toda a Europa, por cá, hoje
nos debates televisivos, chegámos à usurpação total dos nomes «Portugal» e «portugueses»,
como se fossem peças mecânicas de substituição rápida, onde a palavra educação
nem uma vez é mencionada no debate dos dirigentes dos dois maiores partidos
políticos.
Por tudo isto e do muito mais que se poderia dizer, é caso para
perguntar se, em abono da verdade, Portugal não deveria mudar de nome. Há quem
não goste de termos como «enigmático» ou «misterioso», admitindo que só a
visibilidade pelo sensorial pode explicar tudo. Contudo existe algo de profundo
e subtil que não sendo irracional também se furta a certo racionalismo, a
deduções de causas meramente eficientes e funcionais (termos tão gratos a
políticos e economistas do “mainstream”). O que há, firmado na lenta
estratificação histórica, é um nome do qual é difícil dar-se uma cisão total:
Portus Cale ou Porto do Graal.
Eduardo Aroso
14-1-2022
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