quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


                                       A PALAVRA (SEMPRE) UMBILICAL

 Substituir, no possível, a informática anarquizante e às vezes obscura, pela informática de proximidade, mesmo que possa bloquear pela respiração e transpiração das pessoas.

Mudar o barrete vermelho e branco – que se cola ou coca-cola - pela dignidade da palavra.

Converter a guloseima feita do acidificante açúcar industrial pela broa sem milho transgénico.

Provar (ainda) o silêncio da chama da lareira, ou apenas desse levíssimo rumor de memórias, na difícil pausa que interroga e depois responde.

Com ou sem fumo da chaminé, a voz como línguas de fogo, iniciando o calendário da esperança na primeira folha que se abre no escuro mais longo do solstício.

A reverberação da palavra no alpendre, à entrada de tudo, no pátio ou no café, ou no espaço maior de todos nós, filhos deste tempo, porque dele somos todos sem-abrigo.

Plasmar o verbo na noite contraída por tanta lembrança e, olhando o horizonte nocturno, no propósito de nunca pronunciar em vão o presente do indicativo do verbo Amar.

 

Eduardo Aroso ©

Natal, 2014

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