A PALAVRA (SEMPRE) UMBILICAL
Mudar
o barrete vermelho e branco – que se cola ou coca-cola - pela dignidade da
palavra.
Converter
a guloseima feita do acidificante açúcar industrial pela broa sem milho
transgénico.
Provar
(ainda) o silêncio da chama da lareira, ou apenas desse levíssimo rumor de
memórias, na difícil pausa que interroga e depois responde.
Com
ou sem fumo da chaminé, a voz como línguas de fogo, iniciando o calendário da
esperança na primeira folha que se abre no escuro mais longo do solstício.
A
reverberação da palavra no alpendre, à entrada de tudo, no pátio ou no café, ou
no espaço maior de todos nós, filhos deste tempo, porque dele somos todos
sem-abrigo.
Plasmar
o verbo na noite contraída por tanta lembrança e, olhando o horizonte nocturno,
no propósito de nunca pronunciar em vão o presente do indicativo do verbo Amar.
Eduardo
Aroso ©
Natal,
2014
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