sábado, 6 de fevereiro de 2016

O CARNAVAL, A IDENTIFICAÇÃO DA CARNE E UM JÚBILO RADICAL

Oh, se esta alegria fosse a que diariamente nos falta, a que se busca em vão quantas vezes por caminhos infrutíferos, o júbilo perdido do simplesmente existir como ser, matéria-prima humana fosse ela, anterior aos vislumbres do ADN. Lembrança de um génesis que um vento aleatório, mas possível, ainda pode trazer.
 Quem dera este provocado e intenso lance - que vem e desaparece como o suor de algumas horas – fosse folia de saber confiança no destino e na vida, como o nascer matutino do sol e o parto anual da natureza na diversidade de crias que nos chegam de vários modos e para tantos suprimentos.
 Actos de pura motricidade, provocados, anémicos e transgénicos, fossem eles a Folia do Espírito Santo, a da abundância sem desperdício, que faz acontecer a mensagem sem intermédios, e que fará cada qual ser, ao mesmo tempo e em cada dia, o juiz e o julgado. Se invocar a alegria, sem o seu cultivo, não é um ofício negro, fá-lo aparecer como cinzento, ao jeito do abuso do sagrado dom da comunicação, pela, pior que vacuidade da palavra, a sua perversão no ávido altar do entendimento humano. Por desnecessário, nenhum seguro de vida pode garantir o autêntico desfile da vida.

Eduardo Aroso ©
6-2-2016


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