AFORISMOS (42)
Quanto ao Destino somos pouco mais que autómatos, ainda que
esse superior desenho da pátria necessite de consciências despertas. Se no
mundo das aparências Portugal foi abandonado por Deus, isso quer dizer que na
esfera do espírito nos podemos suster sem o invisível amparo que têm as nações
ainda na sua idade juvenil – hoje no deslumbramento da ideia de progresso como produção.
A prova da solidão, isto é, do caminhar sozinho entre os outros, só tem lugar
nas almas evoluídas, bem como nas nações que aspiram a um epílogo que, findo
também o seu calvário, seja de redenção. O mar como sentimento - «ó mar salgado»
- perto e ao mesmo tempo abrangente, anseia também por uma razão maior que é o
céu. Toda a verdadeira metáfora aspira a ser símbolo.
Portugal, 19-11-2016
Eduardo Aroso
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