APONTAMENTO ANÍMICO-BUCÓLICO©
Ao poeta António Salvado,
nos seus 81 anos
Os verdes prados insistem
Na rebentação dos dias,
À margem das insígnias da morte
Que alguns anónimos depõem em seres humanos.
Estalam as manhãs
No silêncio entranhado
Da humidade longínqua do Génesis.
A imunidade dos talos
E a seiva escorrendo
Como um grito de vitória
Pegajosa esperança ávida de respirar
Na boca agónica do mundo.
Se há ribombar do aço
Manchando a geografia,
Solta-se uma fonte,
Ave, ímpeto de sair do ninho.
Exaltam-se rouxinóis nos salgueirais
E as velhas alminhas brancas nos caminhos
Ganham aura de catedrais.
Eduardo Aroso©
(22-02-2017
entre Rio de Vide e Coimbra)
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