DO FOGO (ANALOGIAS)
«Eu vos baptizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem
depois de mim é mais forte do que eu.(…)
Ele vos baptizará com o Espírito Santo e com fogo». Mateus 3,11
Sendo um dos clássicos 4 Elementos, também segundo
as mais credíveis correntes esotéricas de qualquer época, é no Fogo que reside
o que se pode designar por princípio espiritual. Seguindo também o axioma
hermético «o que está em cima é como o que está em baixo» (em opção pessoal
pela escrita «o que está em cima tem correspondência com o que está em baixo»,
pois a substância de mundos diferentes só pode ter
equivalência/correspondência, e não igualdade), resulta claro o raciocínio de
que o panorama sufocante e de morticínio que se tem abatido sobre Portugal tem
uma correspondência oculta com o elemento e princípio espiritual Fogo, o mesmo
é dizer que na nossa tradição espiritual portuguesa nos remete para o Espírito
Santo.
Lembrar o sinal dado pela trombeta do Quinto
Anjo seria suficiente para crer que o fogo é um dos elementos da presente fase
do Apocalipse, no sentido popular do termo como catástrofe e até caos, e no
sentido vernáculo da palavra que, como é sabido, é o de Revelação. Seria assim
como dizer que o fim de algo pressupõe o início de outra coisa. O princípio do
Fogo que existe no que se designa por kundalini ou energia serpentina, é o
«modus operandi» do Espírito Santo no corpo humano. Se despertado para fins
egoístas ou quando se alinha com as forças do mal, pode ser perigoso para a evolução do Homem. No plano espiritual,
invocar o Paráclito (Consolador) para o que não seja verdadeiramente digno e
edificante, é blasfémia. Prevaricar contra o Espírito Santo, segundo a Bíblia, acarreta
o único pecado que não tem perdão, isto é, requer obrigatória expiação. Qual o
significado de tudo isto no actual contexto da nação portuguesa, país
territorialmente pequeno onde existem mais fogos do que em nenhum outro, terra
onde há, ao que parece, um exacerbado
número de incendiários por Km2?
Representa a calamidade do fogo físico um
ocultamento do que é espiritual e não se expressa, ou seja, lembrando a
meia-noite que se opõe ao luminoso meio-dia? Se as labaredas são em tudo
diferentes do nevoeiro, ambas representam os lados (diversos) da mesma
crucificação e expiação: o perigo de extinção pela combustão e a ocultação que
o manto branco impede de enxergar como verdade. Nada nos pode causar anómalo
espanto do que se passa em Portugal no domínio dos incêndios, na era do reino
da quantidade. Por outro lado resta-nos a esperança de que tudo isto, sejam
gigantescas labaredas de uma enorme Fénix que, como diz Pessoa, prepara o despertar
para «A Nova Terra e os Novos Céus».
Eduardo Aroso, 16-10-2017
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