DESAGRAVO A UM POETA
Ao contrário do que
se diz,
Luis Borges não cegou.
Quando pressentiu as
estranhas
Sombras da tarde nos
seus olhos,
A erupção
intermitente
De buracos-negros
Fantasmas luminosos
da sua noite,
O poeta aleitava-se
das palavras
Sabendo-as da sua
alma incorruptível.
Passava-as pelas
mãos
A percorrer a pele
E metabolizava-as em
íntimo saber.
O poeta nunca cegou
Porque tinha a pedra
de esmeril
E algodão sempre à
sua beira.
Eduardo Aroso ©
Novembro,2017
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