sábado, 20 de outubro de 2018


BRASIL – É A HORA

O filósofo português José Marinho (1904-1975) disse de Portugal ser «o país do extremo erro e do extremo acerto». Medular afirmação que, neste momento crítico, parece ser comungada pelo Brasil: se sobre o «extremo erro» não restam dúvidas - como também por cá às vezes tem acontecido – a esperança e a possibilidade é do «extremo acerto». Mas não se veja nesta última expressão qualquer forma de radicalismo ideológico ou partidário, antes, porém, uma mobilização quiçá do inconsciente brasileiro, “in extremis”, para o extremo acerto (e quem o sabe?) ao que outro pensador português António Quadros (1923-1993) poderia chamar mitologismo ou providencialismo histórico. E, verdade seja dita, a maior nação da América do Sul tem não só a potência como apetência para tal, tiradas as máscaras da propaganda e da alienação pelos mídia. Se o acordar do pesadelo não traz mais realidade dos que se imbuíram nele, ou seja, os actores são os que são e não outros, resta a esperança de que deste estranho despertar um desses actores bata com a cabeça e, afinal, algumas ideias sofram mutação posterior. Seja como for, o problema universal permanece, terapia para o qual seria bom desligar as televisões por uma semana. Haja alguém que diga no país do Cruzeiro do Sul do «extremo erro e do extremo acerto» nessa Língua de todos nós, mas que lá se pronuncia «com açúcar», como escreveu Agostinho da Silva (1906-1994), fundador da Universidade de Brasília.

Eduardo Aroso,
 19-10-2018

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