BRASIL – É A HORA
O filósofo português José Marinho (1904-1975) disse de
Portugal ser «o país do extremo erro e do extremo acerto». Medular afirmação
que, neste momento crítico, parece ser comungada pelo Brasil: se sobre o
«extremo erro» não restam dúvidas - como também por cá às vezes tem acontecido
– a esperança e a possibilidade é do «extremo acerto». Mas não se veja nesta
última expressão qualquer forma de radicalismo ideológico ou partidário, antes,
porém, uma mobilização quiçá do inconsciente brasileiro, “in extremis”, para o
extremo acerto (e quem o sabe?) ao que outro pensador português António Quadros
(1923-1993) poderia chamar mitologismo ou providencialismo histórico. E,
verdade seja dita, a maior nação da América do Sul tem não só a potência como
apetência para tal, tiradas as máscaras da propaganda e da alienação pelos
mídia. Se o acordar do pesadelo não traz mais realidade dos que se imbuíram
nele, ou seja, os actores são os que são e não outros, resta a esperança de que
deste estranho despertar um desses actores bata com a cabeça e, afinal, algumas
ideias sofram mutação posterior. Seja como for, o problema universal permanece,
terapia para o qual seria bom desligar as televisões por uma semana. Haja
alguém que diga no país do Cruzeiro do Sul do «extremo erro e do extremo
acerto» nessa Língua de todos nós, mas que lá se pronuncia «com açúcar», como
escreveu Agostinho da Silva (1906-1994), fundador da Universidade de Brasília.
Eduardo Aroso,
19-10-2018
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