domingo, 20 de janeiro de 2019


A BEM DA NAÇÃO, O BEM DA NAÇÃO, OU O MELHOR DA NAÇÃO?

Nos tempos em que o melhor (ou grande parte) da nação era silenciado com a conhecida fórmula de encerramento dos documentos oficias “A Bem da Nação”, na verdade isso sufocava o que não podia existir autorizado e que era muito bem da nação. A frase lapidar ficou como enganadora, porque o rótulo não correspondia ao conteúdo, na visão difusa de Portugal do homem que, sendo monárquico nos ossos e na alma, todavia na sua sede de poder não podia exercer essa condição por estarmos numa república.
 Depois veio a esperança para o melhor da nação. Seria até interessante que agora se contrapusesse com a fórmula “Para o Bem da Nação” ou “Para o Melhor da Nação”,o que afirmaria a tal política patriótica. Mas seja como for, ninguém de boa consciência, pode fugir à pergunta se vivemos hoje o melhor da Nação. A questão dos nacionalismos (confundidos com muitos ismos) tem sido assunto mal esclarecido,  porque há que distinguir o trigo do joio. Até o insuspeito  Chomsky, que não se deixou baralhar porque é um pensador, numa entrevista ao EL PAIS (Março de 2018), perante a pergunta «teme o nacionalismo?», respondeu: «Depende, si significa estar interessado en tu cultura local, es bueno. Pero si es un arma contra otros, sabemos a donde puede conducir, lo hemos visto y experimentado».
 Numa simples leitura se vê que a palavra interNACIONALISMO (outro conceito ou ideia sujeita a baralhações), só tem sentido quando há NAÇÃO. Havendo sempre pátria e mátria no que se herda dos antepassados, país na geografia e nas leis que se fazem e desfazem, a nação, embora mudando em lenta estratificação, perdura como rosto ou tatuagem anímica e psíquica de estabilidade, nomeadamente pelo idioma e costumes, pelo que deve preservar a sua autonomia. Por outras palavras, um país que não afirma a sua condição de nação e  espera subsídios para viver, importa ideias desajustadas à sua condição, é pouco mais que uma colónia perante quem subsidia. Talvez se entenda que não se avance com a fórmula final nos documentos oficiais «Para o Melhor da Nação», pois, ainda que no actual sistema democrático de alternância do poder (ainda bem), o que muitos desses gostariam era a velha falsa despedida «A Bem da Nação».

Eduardo Aroso
 20-1-2019
  

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