A BEM DA NAÇÃO, O BEM DA NAÇÃO,
OU O MELHOR DA NAÇÃO?
Nos tempos em que o melhor (ou
grande parte) da nação era silenciado com a conhecida fórmula de encerramento
dos documentos oficias “A Bem da Nação”, na verdade isso sufocava o que não
podia existir autorizado e que era muito bem da nação. A frase lapidar ficou
como enganadora, porque o rótulo não correspondia ao conteúdo, na visão difusa
de Portugal do homem que, sendo monárquico nos ossos e na alma, todavia na sua
sede de poder não podia exercer essa condição por estarmos numa república.
Depois veio a esperança para o melhor da
nação. Seria até interessante que agora se contrapusesse com a fórmula “Para o
Bem da Nação” ou “Para o Melhor da Nação”,o que afirmaria a tal política
patriótica. Mas seja como for, ninguém de boa consciência, pode fugir à
pergunta se vivemos hoje o melhor da Nação. A questão dos nacionalismos
(confundidos com muitos ismos) tem sido assunto mal esclarecido, porque há que distinguir o trigo do joio. Até
o insuspeito Chomsky, que não se deixou
baralhar porque é um pensador, numa entrevista ao EL PAIS (Março de 2018),
perante a pergunta «teme o nacionalismo?», respondeu: «Depende, si significa
estar interessado en tu cultura local, es bueno. Pero si es un arma contra
otros, sabemos a donde puede conducir, lo hemos visto y experimentado».
Numa simples leitura se vê que a palavra interNACIONALISMO
(outro conceito ou ideia sujeita a baralhações), só tem sentido quando há NAÇÃO.
Havendo sempre pátria e mátria no que se herda dos antepassados, país na
geografia e nas leis que se fazem e desfazem, a nação, embora mudando em lenta
estratificação, perdura como rosto ou tatuagem anímica e psíquica de
estabilidade, nomeadamente pelo idioma e costumes, pelo que deve preservar a
sua autonomia. Por outras palavras, um país que não afirma a sua condição de
nação e espera subsídios para viver,
importa ideias desajustadas à sua condição, é pouco mais que uma colónia perante
quem subsidia. Talvez se entenda que não se avance com a fórmula final nos
documentos oficiais «Para o Melhor da Nação», pois, ainda que no actual sistema
democrático de alternância do poder (ainda bem), o que muitos desses gostariam
era a velha falsa despedida «A Bem da Nação».
Eduardo Aroso
20-1-2019
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