sábado, 26 de janeiro de 2019


SÃO ALTAS ©

Estas árvores são altas!
Nelas correm todos os sentidos
Que há na seiva do tempo.
As metáforas desabam em cascatas
Viçosas algumas respiram juventude.
Parágrafos viscerais e palpitantes
Ébrias de olhos que as vejam
Geografias do espanto e distantes
Companheiras de Magalhães
Para darem ao volta ao mundo.
A imaginação é além de redonda
Geradora de todos os nascimentos
O verbo fecundo que foi dado às mães.

São altas estas árvores antigas
Colunas de Hércules cujo vigor
Abala a primeira morte
Que é o esquecimento.
Elas permitem refazer do pó
O que foi duro mineral ou acto de amor.
Abraçar estas árvores
Oh, estranhos cruzamentos de biologia
E quando tudo pulsa às vezes acontece
Que a verdade da natureza fala pela voz da poesia.

Eduardo Aroso©
25-1-2019

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