quinta-feira, 11 de julho de 2019



HINO DA EUROPA OU A EUROPA SEM HINO?

Mais do que simplesmente representar a hegemonia alemã, aquilo que se designa por Hino da União Europeia representa, antes de mais, uma subordinação à inércia da não criação de um hino que expresse a ideia de uma Europa unida. Mas talvez não tenha sido por acaso que esta apatia existe, pois – trazendo um pouco a imagem -  assim como o azeite não se pode misturar com a água, seria, na melhor das hipóteses, difícil (mas não impossível) haver um verdadeiro hino que espelhasse as diversidades culturais do nosso continente. É indiscutível que, de um ponto de vista realista, perante o cenário mundial, é vantajoso uma Europa unida. Também indiscutível é a imortal Ode à Alegria de Beethoven. Sempre que escutada nos faz vibrar de esperança, mas é triste que se tenha transformado no símbolo do país onde se ancora o Banco Europeu e da economia que tem como almocreves Portugal, Espanha e Grécia. Aristóteles disse que «haverá sempre escravos» e nesta época calhou-nos a nós. Ainda que seja imaculada a Ode à Alegria, a uma nova realidade histórica deve corresponder um hino próprio que expresse mental e sentimentalmente as nações europeias sobretudo de quadrantes de sensibilidades distintas, como, por exemplo; ibéria, norte da Europa, centro e nações eslavas. Ou então a União Europeia não é realidade histórica, tão-só um contrato que dura umas décadas. E, obviamente, a solução não seria colar a Ode à Alegria a uns compassos da Marselhesa!  

Eduardo Aroso
10-7-2019



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