APRENDIZES DE GAMAS, MAGALHÃES E CABRAIS©
Sem carteira profissional e com bússolas avariadas (embora com gps muito
pessoais) correm numa agitação de quem anda a fazer estágio para comandante de
embarcações. Bebem um copo ali e outro acolá, e dão dois dedos de conversa. O
seu lugar deveria ser nos estaleiros da nação, porque também aí se despacha
correspondência e se desempenham outras tarefas. Trabalho de fundo seria mesmo ver
se o casco do navio não deixa entrar água. Mas a obsessão pelo estibordo e
bombordo (direita e esquerda da embarcação) leva-os a estados maníacos, e cada
qual dizendo que um dos lados do navio é o mais importante, querendo fazer dele
proa! Isto não fica bem numa classe profissional, ainda por cima de
estagiários, que praguejam ainda antes do navio zarpar! Cada qual quer ter a
façanha de chegar à Índia, isto é, quer a Índia para si: dispensando a canela e
o marfim, pretendem apenas o ouro e, claro, para os familiares, o lugar de
contador-mor nas alfândegas. Esquecem-se que a Índia já não é a do mapa, mas a
que se pode construir no chão de cá, onde, tantas vezes, se fazem estranhos
consentimentos.
Este fim-de-semana vão desfilar na “passerelle”, e ainda bem, pois se
não houvesse passerelle seria muito pior… Não deixe ao menos de dizer quem é que é vai
mais bem vestido e quem, em caso de naufrágio, pode impedir de entrar água no
navio.
Eduardo Aroso ©
(em dias de Interregno)
2-10-2019
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