AFORISMOS (55)
No rosto de «olhar esfíngico e
fatal» representam as duas faces de Portugal o Corvo e a Águia. Se olhamos para
o primeiro, vemos o tempo presente, decaído, na inevitável putrefacção. Todo o
devir tem o seu “nigredo” prévio, ou a aurora que deve emergir do negro
nocturno cor da ave. Na outra face, tocamos a memória ou fio do tempo ao jeito
de Ouroborus, onde se cruzam o mistério do início e do fim de ciclo, porque
sabemos do alento ígneo da espiral.
Séculos e séculos volvidos, eis
que o Corvo da barca de S. Vicente voaria, transmutado em Águia, esse animal
que fita o sol, sem medo, como um profeta olha o futuro.
Eduardo Aroso ©
24-5-2020
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