terça-feira, 11 de julho de 2017


ÉPICA ÚLTIMA©

Agora os anciãos longe dos sinais de trânsito
Já não pedem à beira das estradas
Nem vão para as tabernas recolhidas nos museus.
Jogar às cartas é uma fase intermédia
E dar de comer às pombas no jardim.
O tempo de pedir esmolas
Passaram-no aos mais novos
Os que há e, quem sabe, os que virão…
O ímpeto para a sobrevivência
Está em aceitar o que lhes dão.
Vivem alheios e sem subsídios
Para a guerra que se trava dentro deles
A das sinapses no instinto de defesa
Sem palavras de carinho que as liguem.
Por fora a liça é visível
Sem cremes de remedeio:
Ficaram rugosos todos os mapas-do-mundo
A vida some-se para ficar incrustada noutro lado.
Oh, milagre derradeiro! Raramente cai no chão
Ali aos pés uma estrela vinda do espaço longínquo
Lá onde talvez se entenda melhor o que é a vida.
Quando isso acontece os anciãos iluminam-se
Como a frágil esperança dos tratados de paz.
E até na rugosidade da pele se percebe
Uma serena e iluminada explosão
De uma espécie de Big-Bang que logo se desfaz.

Eduardo Aroso©
11-7-2017


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