sábado, 29 de julho de 2017

MULHERES DE RIO DE VIDE ©


Elas tinham o dom de espremer a vida
Que a muitas só chegava gota a gota.
O sol era alto e forte
A broa um milagre diário
Do resto a fartura pouca.
Só nas manhãs de Maio
Havia perfume nos seus cabelos
Quando vinha a aragem sobre eles
Junta com o cantar do gaio.
As horas, fundas
Tal era a enxada na terra.
Dava-se conta delas
Pelo sino
Ou pela ovelha que dava sinal.
Levavam os filhos
Que ficavam sobre o avental
A alegria por cima
E a tristeza por baixo.

Essas mulheres são hoje invisíveis,
Sombras quietas de memória.
Ninguém as apaga.
Ninguém as derruba.
Mais firmes que as colunas de Hércules!

20-7-2017
Eduardo Aroso


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