domingo, 1 de março de 2020

CORONAVÍRUS, O INFINITAMENTE PEQUENO E O INFINITAMENTE GRANDE
Protágoras disse que «o Homem é a medida de todas as coisas», afirmação que se propagou e distorceu durante séculos, mormente do período medieval ao Renascimento. Medida implica comparação, mas não necessariamente tida como um centro, ou «rei da Criação» como o ser humano se viria a intitular. Por completo desconhecimento, durante eras e eras – à parte tempestades e outros fenómenos naturais – os inimigos da espécie humana eram animais ferozes, alguns de grande porte, ou outros seres humanos na forma de exércitos inimigos. Mais tarde, a ciência permitiu a descoberta do infinitamente pequeno e do infinitamente grande.
A leitura de «A Estranha Ordem das Coisas» de António Damásio, ajuda a compreender a harmonia e a guerra dentro do nosso organismo. Mal sonharíamos no passado que minúsculos vírus e bactérias poderiam eliminar milhares de pessoas em todo o mundo, como se um exército se deslocasse rapidamente e por todos os lados. A medida de todas as coisas não é o centro de todas as coisas enquanto trono de superioridade. Se o infinitamente pequeno pode agir desta maneira, é muito provável que o infinitamente grande possa eliminar muitos terráqueos. A humildade e a soberba da humanidade passam, no presente, entre duas colunas que se chamam microscópio e telescópio.
Eduardo Aroso
1-3-2020

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