quarta-feira, 2 de dezembro de 2020


PORTUGAL - O RECTÂNGULO E O CÍRCULO

In memoriam de Carlos Calvet

 

A pequena superfície de Portugal continental, em forma de rectângulo, tornou-se numa “grande superfície” onde tudo passa, tudo se compra e tudo se vende. De outra ordem além da alimentícia; por muito pouco, um monumento gótico esteve quase a ser desmontado, embalado e seguir num navio empurrado por dólares.  Quando chega uma verba é dirigida para uma rua não se sabe bem onde, para alcatroar… (ou untar) a estrada que vai dar à porta de certa gente. Mas não é o vento e a chuva que voltam a fazer buracos. São especialistas de fazer “buracos”, viciosa engenharia que faz trepidar sempre os cofres públicos. Antigamente vendíamos especiarias, agora compramos palitos para os dentes e guardanapos de papel.

 Para o que der e vier no mundo, há todavia o Portugal de outra forma qualitativamente diferente: o Portugal circular, um modo de ser que não se contenta em ser apenas europeu, isto é, aquele que tem ainda impresso nos seus genes a Esfera Armilar, que não pode ser confundida com a bola de futebol, como aconteceu com um proeminente político português saído há pouco da ribalta. Esse Portugal armilar, imaginando nós o círculo e não o rectângulo, segundo o desenho de Carlos Calvet em «Mitogeometria de Portugal», anexo a este texto, tem por centro a cidade templária de Tomar. O Tao diz-nos que o centro, sendo o que se move menos, participa de todo o movimento. O centro permanece para todas as acelerações, paragens e recomeços do movimento.

 

Eduardo Aroso ©

1-12-2020

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