PORTUGAL
- O RECTÂNGULO E O CÍRCULO
In
memoriam de Carlos Calvet
A
pequena superfície de Portugal continental, em forma de rectângulo, tornou-se
numa “grande superfície” onde tudo passa, tudo se compra e tudo se vende. De
outra ordem além da alimentícia; por muito pouco, um monumento gótico esteve
quase a ser desmontado, embalado e seguir num navio empurrado por dólares. Quando chega uma verba é dirigida para uma rua
não se sabe bem onde, para alcatroar… (ou untar) a estrada que vai dar à porta
de certa gente. Mas não é o vento e a chuva que voltam a fazer buracos. São
especialistas de fazer “buracos”, viciosa engenharia que faz trepidar sempre os
cofres públicos. Antigamente vendíamos especiarias, agora compramos palitos
para os dentes e guardanapos de papel.
Para o que der e vier no mundo, há todavia o
Portugal de outra forma qualitativamente diferente: o Portugal circular, um
modo de ser que não se contenta em ser apenas europeu, isto é, aquele que tem
ainda impresso nos seus genes a Esfera Armilar, que não pode ser confundida com
a bola de futebol, como aconteceu com um proeminente político português saído
há pouco da ribalta. Esse Portugal armilar, imaginando nós o círculo e não o
rectângulo, segundo o desenho de Carlos Calvet em «Mitogeometria de Portugal»,
anexo a este texto, tem por centro a cidade templária de Tomar. O Tao diz-nos
que o centro, sendo o que se move menos, participa de todo o movimento. O
centro permanece para todas as acelerações, paragens e recomeços do movimento.
Eduardo
Aroso ©
1-12-2020
Sem comentários:
Enviar um comentário