PIETÀ
Senhora que estais no corpo macerado
de todas as mães deixando as suas casas,
crucificadas também pelos caminhos
árduos do desespero fugindo dos algozes.
Se os vossos filhos ficam, lá fica a vossa dor,
se vão convosco vai a súbita incerteza
embebida em vinagre por pecados quais
dados em amargura neste tempo absurdo.
Pietà! Pietà! Vossos braços que tudo amparam
e se alongam tocando a vida e a morte.
Lágrimas assistindo impávidas na cruz
ao derradeiro calvário da civilização.
Latejam as horas como cravos
que vêm ao vosso regaço macerado
na espera ardente por um grito de aleluia!
Eduardo Aroso ©
Páscoa de 2022
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