sábado, 9 de novembro de 2013


A DISTÂNCIA, O TEMPO E A «VERDADE DO AMOR» DE SOLOVIEV

 
Sobretudo nas últimas décadas, vencida relativamente a distância pelos meios que estão à vista, bem mais difícil se torna vencer o tempo, já que este, ao contrário da primeira, parece ser o efeito de uma metamorfose da matéria. O corpo humano desgasta-se mais no tempo do que uma rocha e do que o próprio sistema solar que permanecerá ainda milhões de anos!

Mas a busca para vencer o tempo continua, porque, em boa verdade, já há muito sabemos que existe um tempo objectivo (Cronos) e um tempo subjectivo (que pode ser atribuído a Urano). É bem conhecida a imagem clássica da sensação de tempo tão diferente que decorre quando dois namorados passeiam agradavelmente ou a de um condenado numa prisão. O domínio do tempo – inquestionavelmente uma ambição máxima do homem – parece estar relacionado com o mergulho num ponto central, de onde tudo emana, na imagem da circunferência com o ponto. O Tao diz-nos algo sobre isso bem como a filosofia rosacruz (dada por Max Heindel) que na sua Cosmogonia refere que (ao contrário de um “light new age”)  os mundos não são paralelos, mas concêntricos. Neles a sensação de tempo depende da vibração desses mundos: quanto mais denso (o caso do nosso mundo físico) mais sensação de tempo.

 Mas é nele que estamos. Nicolau Berdiaeff (1874-1948) em «Cinco Meditações sobre a Existência»  examinou habilmente – e de um modo nem sempre fácil para o leitor – a velha e nova questão do tempo. Mas já que falei num ponto central, há que falar também de V. Soloviev (1853-1900), quando trata o tema do amor. No fundo, é ele que tudo regenera, e diria que regenera todos os tempos nas clássicas formas passado presente e futuro, porque, assim, até este último se constrói melhor. E o que pode parecer mais estranho - mas não tanto! - é que o Amor é algo sempre existente, não dependendo da acção humana, para começar ou acabar; apenas nos momentos mais fatais pode ser interrompido ou modulado.

É claro que não se trata do sentimento da grosseira expressão “fazer amor”, que tomou conta de nós numa das maiores ilusões do relacionamento entre pessoas.  ©

 
Eduardo Aroso, 9-11-2013

 

Sem comentários:

Enviar um comentário