O SORRISO E O APOIO
Os anciãos passam. Têm
o único apoio na bengala que, de tão frágil, já nem pode ser instrumento de
defesa! O chão foge-lhes e às vezes acontece escorregarem nas folhas oleosas
dos descuidos urbanos, ou obrigatoriamente nas outras, as folhas deslizantes do
calendário. Todavia, olham o mundo. Sorriem ainda. Chamam os pássaros para cima
dos bancos do jardim, ou simplesmente à sua memória os da já longínqua infância,
que se cruzam com as aves de agora, obrigadas a recrutamentos nos espaços da
ecologia.
Os anciãos sorriem e estremecem
quando vêem uma criança. Talvez como a tarde se comove com a manhã no que tem
de igual e de diferente. Por não falarem já tanto, sorriem, olhando através das árvores, onde
tudo é nítido: o que passou e o que há-de vir. Nesta idade sorriem apenas com
um único motivo: a vida justifica-os e dá-lhes inteira razão por vê-los
corajosos, à frente, na grande maratona!©
Eduardo Aroso
27-11-2013
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