quinta-feira, 28 de novembro de 2013


O SORRISO E O APOIO

 Os anciãos passam. Têm o único apoio na bengala que, de tão frágil, já nem pode ser instrumento de defesa! O chão foge-lhes e às vezes acontece escorregarem nas folhas oleosas dos descuidos urbanos, ou obrigatoriamente nas outras, as folhas deslizantes do calendário. Todavia, olham o mundo. Sorriem ainda. Chamam os pássaros para cima dos bancos do jardim, ou simplesmente à sua memória os da já longínqua infância, que se cruzam com as aves de agora, obrigadas a recrutamentos nos espaços da ecologia.
Os anciãos sorriem e estremecem quando vêem uma criança. Talvez como a tarde se comove com a manhã no que tem de igual e de diferente. Por não falarem já tanto,  sorriem, olhando através das árvores, onde tudo é nítido: o que passou e o que há-de vir. Nesta idade sorriem apenas com um único motivo: a vida justifica-os e dá-lhes inteira razão por vê-los corajosos, à frente, na grande maratona!©

 Eduardo Aroso

27-11-2013

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