quinta-feira, 16 de abril de 2015

O DIA DA VOZ,
A VOZ DOS DIAS
E A VOZ DOS OPRIMIDOS


Todos os dias têm voz. As muitas da natureza, sempre harmoniosas no seu conjunto, da mãe universal que não se deixa intimidar pelos “falsetes” humanos. Quanto às laringes, é bom pensar antes de falar. A emissão da voz é um assunto sério, desde a interpretação de uma ária de ópera a um «bom dia» enérgico e confiante, porque a palavra que desmoraliza, rebaixa e amesquinha nunca deveria vir ao mundo, isto é, nascer na goela…
A fala, o primeiro e o último meio de comunicação entre seres humanos, o que mais toca os intervenientes. Por isso, para mim é falsa a frase «vale mais uma imagem do que mil palavras».  Mesmo quando prègamos  seriamente no deserto, há sempre alguém que ouvirá a nossa voz, nem sempre no chamado tempo real. Se Sto António tivesse falado (escrito) sem sabedoria, não teriam escutado as suas palavras e ele não teria deixado para o futuro o seu sermão aos peixes, a voz que ficou para a posteridade, como a de um Pe António Vieira, a quem Pessoa chamou «imperador da Língua Portuguesa. Vieira há já 3 séculos falava pelos oprimidos. Não tendo voz os oprimidos de hoje, ou sendo a que ninguém ouve, quem fala hoje por eles, onde está a voz dos oprimidos?! Talvez já inscritas num futuro breve, para depois todos os glorificarmos nessas páginas que serão outro «muro das lamentações».


Eduardo Aroso, entre Miranda do Corvo e Coimbra, 16-4-2015

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