domingo, 24 de janeiro de 2016

NA PACHORRA DAS ELEIÇÕES, UMA HISTÓRIA DE DOMINGO

Era uma vez um fiscal de uma obra que andava a ser feita há cerca de 900 anos! Como é de ver, durante a obra os fiscais foram aparecendo e desaparecendo. Uns melhores, outros nem tanto, nunca se incomodavam muito a examinar certos pormenores da obra, ou seja, quando aparecia uma espécie de cotão num canto, aquilo passava na vistoria, e logo se agarrava mais cotão… Noutros lados surgiam outras coisas, enfim… Não se sabe porquê, o certo é que todos queriam ser fiscais. Até senhores, muito bem na vida, gostavam dessa profissão, a de fiscais, e mesmo certos trolhas que não podiam ir além disso.
 Em princípio o trabalho estava definido na profissão; mas apareciam fornecedores, vendedores, mediadores, gente que tinha escritórios (isto é, que também tinha que fiscalizar outras obras), mais isto e aquilo, e isto levantava complicações, porque alguns deles, noutros tempos, tinham oferecido umas luvas (nem sempre as mesmas) para os fiscais andarem na obra. Mas fiscais havia que, em certas épocas, já pouco fiscalizavam… O caricato é que a obra sendo a mesma ia passando no tempo, ou seja, os proprietários para reivindicar, em muitos casos, já não eram os mesmos (!), porque também iam morrendo.
 Por isso, a moral da história pode ser esta: o fiscal lá ia fazendo das dele. O último fiscal, então, foi uma desgraça. Nem simpático era, sempre de maus modos quando falavam para ele, talvez porque soubesse que não se podiam ir queixar a outro. O que eu gostaria é que o próximo fiscal fosse melhor, que não deixasse ganhar cotão nos cantos do império, que visse bem o que há debaixo dos tapetes e das soleiras das portas e que vigiasse melhor certos janelos das lojas, por causa do mofo e do que lá se esconde e não está no projecto. Oxalá! Assim seja!

Eduardo Aroso ©

24-1-2016

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