quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

UM PRESIDENTE PARA A PÁTRIA, A NAÇÃO E O PAÍS

Do mesmo modo que não me contento com um deus menor, desses que surgem por aí ao virar da esquina das novas prédicas religiosas inflamadas, também não gostaria de ter um presidente menor, mesmo cavalgando no corcel gasto da frase: «de todos os portugueses». Anseio por um presidente maior (seja qual for a sua estatura física) para os destinos de um Portugal maior, remanescente esse que é mais verdadeiro do que o longínquo e deturpado dos ecrãs e jornais diários.

Nenhum dos candidatos tem formação holística de nervura intrinsecamente portuguesa; nenhum deles tem um fulminante pensamento que atravesse, palpitando, oitocentos anos de História, sendo mais fácil ir buscar a palavra «Europa» ou «internacionalismo» mas não saindo do caseirismo do beija-mão ao interesse do momento; nenhum deles tem o estetoscópio necessário para saber as batidas do coração do Povo (grafa-se com maiúscula para distinguir do povo votante, o das estatísticas), mesmo que os candidatos voltem às feiras, às escolas, e visitem lares de idosos. Seria bom agora haver rei (entenda-se herdeiro da estirpe de Aviz), mas não sendo possível pela república parlamentar, talvez o fosse pela república do Povo! Ser académico brilhante, comentador televisivo, empresário pragmático ou abraçar causas de protecção social, é como dizer «a César o que é de César…». Mas o facto de cada um desvalorizar «o tom» em que o adversário se move, mostra a manifesta insuficiência de perfil globalizante, qual águia altaneira. Já há muito que degradação das elites do espírito levou necessariamente à degradação da vida política sem ética nem estética.

Mas… quanto aos candidatos? É o que temos? Será assim? Ou apenas o que se nos mostra do mais (e melhor) que existe e não se manifesta?!!! Nos momentos cíclicos da vida nacional percebe-se que o subterrâneo mito português do Encoberto vem um pouco mais à superfície. Um rei oculto ou um presidente sombra passam nas avenidas insatisfeitas da nação. Mas o cerrado nevoeiro faz com que toquemos as esquinas de dor ou então sigamos caminho sem saber por onde vamos.  Nenhum dos candidatos se preparou para ser presidente maior do Portugal maior, ainda que tenhamos o dever de escolher um deles. Todavia, haverá sempre um rei oculto ou um presidente sombra na avenida enigmática da espera que, infelizmente, nunca desespera.

Eduardo Aroso ©
13 de Janeiro de 2015







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