sábado, 16 de abril de 2016

PORTUGALIZANDO (1)


Sob penas de cairmos em tantos desvarios, de cujos exemplos o mundo ocidental abunda - quando o retrocesso desafia - não deve o ser humano em trânsito afastar-se muito daquele ideal que Álvaro Ribeiro propõe e que é título de uma das suas obras mais fecundas: A Razão Animada. O caminho apenas por um dos lados constitui perigo iminente, sobretudo para aqueles que querem «tomar o céu de assalto». Perigo ante a «cisão extrema» de que fala José Marinho numa das suas obras mais representativas do seu pensamento, o que levou António Telmo a dizer (quando se deu à estampa) não ainda ter chegado o tempo para a hermenêutica como convém. Sobre a razão e a alma afirmou Agostinho da Silva que «o perfeito amor exige vigorosa inteligência». 
Ora nesta visão ou (re)união de (aparentes) opostos, e antevendo o cartesianismo, surgiu no século XIV, na Europa, uma figura misteriosa que utilizou o nome simbólico de Christian Rosenkreuz (Cristão Rosacruz) que certamente através dos Templários e talvez de outros impulsionou a ligação Ocidente-Oriente, onde as Descobertas portuguesas pontuaram de um modo incontornável, que só os inimigos de Portugal (fora e dentro) se esforçam por não ver. Alguém já disse que uma razão animada é como no ser humano fazer ponte entre o hemisfério direito e o esquerdo do cérebro. Se é forçado contrapor a essa dimensão geográfica Ocidente-Oriente - que inaugurou a era moderna - a razão e a alma, ou, talvez, melhor, razão/coração, não é incongruente dizer-se que o ser humano dá-se bem com o holos, e o seu fascínio pela unidade é, antes de mais, uma característica dos espíritos livres e pioneiros. 

Eduardo Aroso, 15-4-2016   

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