PORTUGALIZANDO (3)
Quando os USA nasceram como nação
já sabiam que poderiam ser uma espécie de senhores do mundo, porque puderam ver
que, com Lutero e Calvino, não seria possível uma Europa una, como recentemente
se tem incutido, pois se pela religião se dividiu, pela moeda – bem mais perto
da cobiça – mais facilmente se desmoronava.
Considerando a ciclicidade da vida, a uniformização político-económica que
Bruxelas tem pretendido fazer na Europa é muito mais nefasta do que, com certas
imperfeições, a presença da unidade católica medieval na Europa.
Hoje, o Estado de direito, último
reduto para salvar um tipo de democracia desgastada, num jeito de justificação de
consciência, não tem impedido uma descarada ingerência na soberania das nações,
ao ponto de, em tão pouco tempo, lhes ter provocado os maiores danos. Ouçamos
Agostinho da Silva que escrevia no tempo em que se davam vivas à “Europa unida”: «Uma
economia que, solicitada pela necessidade de mobilizar grandes capitais para
organização do comércio e mais tarde da indústria em larga escala, põe
completamente de parte o princípio de lei mosaica mas principalmente de fé
cristã de não deixar que irmão empreste a irmãos com o pensamento no juro» (…)
«quebrando a unidade do cristianismo, impedindo que mais cedo tivesse o
catolicismo, como lhe compete, abraçado o mundo inteiro, e produzindo o
capitalismo, o comunismo na sua forma actual, a ciência sem moral e uma técnica
que, louca, se enamorou de si própria (...).
Afinal, irreversivelmente,
pese embora os benefícios que o protestantismo trouxe pelo desenvolvimento
científico e tecnológico, a verdade é que a Europa optou por Lutero e Calvino.
A este respeito ainda Agostinho da Silva: «Calvino vai ligar num sólido feixe
lógico uma ciência sem fraternidade, uma economia sem fraternidade, uma
religião sem fraternidade. A religião que, depois de ter pregado a volta do
Evangelho, queima Servet e manda esmagar em sangue a evangélica revolta dos
camponeses alemães».
Hoje, como sempre, faz comichão a muitos a realidade histórica de a
essência de o povo lusíada ser de cariz universal!
Eduardo Aroso,
20-4-2016
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