domingo, 17 de abril de 2016

PORTUGALIZANDO (2)

O verbo significa, antes de mais, aceitar Portugal. Quanto ao sentido de aceitá-lo, seria ideal aquele que alguns psicólogos de índole espiritual entendem como tal, isto é, não uma aceitação passiva e fatal, mas numa atitude de não fuga ao que se deve enfrentar, seja de que modo for; tomar o assunto como ele é, inevitável ponto de partida. A dificuldade porém está em saber aquilo que se é, e se Portugal é, será por uma razão maior, a que já se tem chamado missão, mistério ou enigma. Porque o desdobramento (mais ou menos inconsciente), tem sido um caminho onde muitos se têm empenhado, podendo não saber para onde vão.
Tem havido uma espécie de renegação de Portugal, atitude interiorizada como trauma por aqueles factos e episódios dissonantes da nossa história, como a expulsão dos judeus e a inquisição. Este estratificado renegar não é outra coisa do que Leonardo Coimbra expressou num frase lapidar: «Faça cada português as suas pazes com Camões».

Eduardo Aroso,
15-4-2016 

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