SURSUM CORDA E A CELEBRAÇÃO DAS PRESENÇAS
V. Nova de Gaia, 14-12-2019
Os textos aos quais
Bruno Santos deu o nome de Sursum Corda (Corações ao Alto), parecem querer
trazer essa força indefinível, muito antes do anima e animus de Carl Jung ou de
qualquer pulsão psicanalítica freudiana ou outra, força que provavelmente se
invocava no ritual do cristianismo primeiro, sobretudo antes do século V.
De que modo o autor nos convida e ele próprio
oficia na sua escrita? Um pouco fora do habitual labirinto da dualidade, onde o
mundo ocidental tanto se enfrenta e interiormente se degladia, e onde se pode
inserir a ideia judaico-cristã de Bem e de Mal, que nos chega nebulosa pela
nossa ignorância. O autor de Sursum Corda não podendo negar o conflito entre os
extremos, busca o que se pode chamar também uma 3ª via. Ou seja, no movimento,
Bruno Santos busca a espiral.
Textos do dia-a-dia
onde, dentro do pragmatismo de muitos deles ressalta um certo imprevisto que
pode surpreender os que esperam uma conclusão na atmosfera do «mainstream». Ou
seja, há a atitude consciente de saída do habitual «pensamento que não pensa».
Em termos numerológico:
o UM, vaga unidade, ou temas (teses) que vulgarmente não se tomam como deve
ser; o DOIS, o autor, reconhecendo-a, ousa sair dessa dualidade «o inferno do
mesmo» (como aponta Byung-Chul Han) e busca o TRÊS. E não parece fazê-lo como
ousadia de síntese acbada de conhecimento/sabedoria dessa tríade, mas como acto
criativo e por isso libertador do já citado «pensamento que não pensa». Só por isto, vale
a pena. O que importa é sair do labirinto.
Tomemos então SURSUM
CORDA ou Corações ao Alto. Ajudemos a levantar o mundo.
V. Nova de Gaia,
14-12-2019
Eduardo Aroso
Sem comentários:
Enviar um comentário