domingo, 15 de dezembro de 2019



         SURSUM CORDA E A CELEBRAÇÃO DAS PRESENÇAS
                           V. Nova de Gaia, 14-12-2019

Os textos aos quais Bruno Santos deu o nome de Sursum Corda (Corações ao Alto), parecem querer trazer essa força indefinível, muito antes do anima e animus de Carl Jung ou de qualquer pulsão psicanalítica freudiana ou outra, força que provavelmente se invocava no ritual do cristianismo primeiro, sobretudo antes do século V.
 De que modo o autor nos convida e ele próprio oficia na sua escrita? Um pouco fora do habitual labirinto da dualidade, onde o mundo ocidental tanto se enfrenta e interiormente se degladia, e onde se pode inserir a ideia judaico-cristã de Bem e de Mal, que nos chega nebulosa pela nossa ignorância. O autor de Sursum Corda não podendo negar o conflito entre os extremos, busca o que se pode chamar também uma 3ª via. Ou seja, no movimento, Bruno Santos busca a espiral.
Textos do dia-a-dia onde, dentro do pragmatismo de muitos deles ressalta um certo imprevisto que pode surpreender os que esperam uma conclusão na atmosfera do «mainstream». Ou seja, há a atitude consciente de saída do habitual «pensamento que não pensa».
Em termos numerológico: o UM, vaga unidade, ou temas (teses) que vulgarmente não se tomam como deve ser; o DOIS, o autor, reconhecendo-a, ousa sair dessa dualidade «o inferno do mesmo» (como aponta Byung-Chul Han) e busca o TRÊS. E não parece fazê-lo como ousadia de síntese acbada de conhecimento/sabedoria dessa tríade, mas como acto criativo e por isso libertador do já citado  «pensamento que não pensa». Só por isto, vale a pena. O que importa é sair do labirinto.
Tomemos então SURSUM CORDA ou Corações ao Alto. Ajudemos a levantar o mundo.

V. Nova de Gaia, 14-12-2019
Eduardo Aroso

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