D. SEBASTIÃO (20-1-1554)
«Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade»
Fernando Pessoa, Mensagem
D. Sebastião nasceu em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554. Uma
coincidência, ou não, com o santo do mesmo nome, que se celebra nesse dia.
Quanto ao monarca português, desconhece-se onde morreu, se em França, num
convento, como apontam alguns, se ficou cativo no Norte África. Mas o que a
lenda consagra e relatos registam é que ninguém o viu morrer, e isso torna-se
simbólico pela ideia que se incrustou no nosso inconsciente: a do Rei Desejado,
desde a dinastia filipina até personagens tão distintas do século XX, como
Fernando Pessoa ou José Cid, para não falar de certos intelectuais republicanos
finisseculares que, embora não o confessando, não conseguem tirar isso da
cabeça. Se por um lado, a espera criou uma atitude passiva nos destinos de
Portugal, (hoje glosado por muitos como tema obscuro e anacrónico), de outro
modo tem catapultado mentes criativas, numa espécie de ruminação interior sobre
o nosso destino de nação, da qual o poeta de «Mensagem» escreveu que «… falta
cumprir-se Portugal». D. Sebastião é o mito da Esperança. Significa, portanto,
que o que quer que tenha sido interrompido em Alcácer-Quibir, no percurso da
História de Portugal, é desejável que se retome, e é D. Sebastião
(simbolicamente) e não outro rei entre outros, alguns de carisma bem
reconhecido.
Apesar de não vermos o lado oculto da lua nem por isso deixamos de a
admirar pelas atractivas mudanças da sua luz. Aquilo que a História não regista
(registou) se por um lado pode deixar alguma dúvida, mantém-nos em permanente
fascínio para desvendar.
Eduardo Aroso
20-1-2020
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