domingo, 19 de janeiro de 2020


D. SEBASTIÃO (20-1-1554)

«Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade»

Fernando Pessoa, Mensagem

D. Sebastião nasceu em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554. Uma coincidência, ou não, com o santo do mesmo nome, que se celebra nesse dia. Quanto ao monarca português, desconhece-se onde morreu, se em França, num convento, como apontam alguns, se ficou cativo no Norte África. Mas o que a lenda consagra e relatos registam é que ninguém o viu morrer, e isso torna-se simbólico pela ideia que se incrustou no nosso inconsciente: a do Rei Desejado, desde a dinastia filipina até personagens tão distintas do século XX, como Fernando Pessoa ou José Cid, para não falar de certos intelectuais republicanos finisseculares que, embora não o confessando, não conseguem tirar isso da cabeça. Se por um lado, a espera criou uma atitude passiva nos destinos de Portugal, (hoje glosado por muitos como tema obscuro e anacrónico), de outro modo tem catapultado mentes criativas, numa espécie de ruminação interior sobre o nosso destino de nação, da qual o poeta de «Mensagem» escreveu que «… falta cumprir-se Portugal». D. Sebastião é o mito da Esperança. Significa, portanto, que o que quer que tenha sido interrompido em Alcácer-Quibir, no percurso da História de Portugal, é desejável que se retome, e é D. Sebastião (simbolicamente) e não outro rei entre outros, alguns de carisma bem reconhecido.  
Apesar de não vermos o lado oculto da lua nem por isso deixamos de a admirar pelas atractivas mudanças da sua luz. Aquilo que a História não regista (registou) se por um lado pode deixar alguma dúvida, mantém-nos em permanente fascínio para desvendar.

Eduardo Aroso
20-1-2020


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