A ÚNICA UTOPIA E O AVISO DE JOSÉ MARINHO (1904-1975)
Quando Nietzsche afirmou que
«Deus morreu» decerto entrou e fez entrar muitos naquela faixa da humanidade
que se colocou na trágica posição da qual José Marinho fala na sua obra maior e
de mais difícil exegese, autêntico apocalipse do pensamento português: «Teoria
do Ser e da Verdade». Nela, o autor coloca o problema da Cisão entre imanente e transcendente, e, e se bem
que ela não possa acontecer em absoluto, não deixa de colocar-nos o mais
inquietante dilema do nosso tempo. Daí o agravamento do Mal – tema bem caro ao
pensamento português, sobretudo desde Sampaio Bruno a Leonardo Coimbra e a António
Telmo. É claro, porque realista, que poucos ainda poderão viver de acordo com
«Não se perturbe o vosso coração. (…) Eu rogarei ao Pai, Ele vos dará outro
Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da Verdade, que o
mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis,
porque habita convosco e estará em vós» (João:14-16). Esta parece ser a Utopia
Maior e para a qual a nossa utopia armilar começou a caminhar há mais de cinco
séculos.
26-3-2021
Sem comentários:
Enviar um comentário